30/05/2011 - 16:06

COMPARTILHE

UPP: Cabral e Wadih apoiam angústia de Beltrame

UPP: Cabral e Wadih apoiam angústia de Beltrame


Do jornal O Globo

30/05/2011 - A preocupação do secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, com a carência de investimentos sociais nas comunidades pacificadas pelas UPPs ganhou apoio do governador Sérgio Cabral, da Ordem dos Advogados do Brasil, de especialistas, das próprias favelas e até da prefeitura. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, o secretário se mostrou angustiado com a demora de ações governamentais e da iniciativa privada que complementem a ocupação policial nas favelas.

Por meio de sua assessoria, Cabral, que está em viagem, classificou como legítimas as inquietações de Beltrame:

"O secretário Beltrame expressa uma preocupação legítima. Recuperamos áreas controladas pelo poder paralelo. Com esforço conjunto dos três níveis de governo, mais o empresariado e a sociedade motivados, vamos tornar essas comunidades regiões incluídas na cidade, com serviços, infraestrutura e compromissos de direitos e deveres por parte da população.

Na OAB, o tom do secretário agradou. O presidente da ordem no Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou estar de acordo com o discurso, que classificou de "mantra":

"Toda a propaganda que foi feita gerou a ilusão de que o problema estava resolvido. Quando o Beltrame diz que a sociedade deveria se mobilizar em torno das comunidades, é porque ele reconhece que muitas vezes só se clama por polícia. Pode até parecer um mantra, mas é verdade: só polícia não resolve".

Para especialista, sucesso de UPPs ofusca necessidades

O sociólogo Cláudio Beato, coordenador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, compartilha da opinião:

"O secretário está expressando o que os especialistas falam há muito tempo. O sucesso das UPPs ofuscou o fato de que elas não são uma política, e sim um programa bem feito e importante, mas que deve ser acompanhado por outras ações."

Beato é criador do projeto Fica Vivo!, que levou policiamento a 28 comunidades de Minas Gerais e fez o número de homicídios em Belo Horizonte cair de cerca de 1.400, há oito anos, para menos de 750 em 2010. Ele elogia as UPPs, mas alerta para a urgência das políticas sociais.

"Sem pacificar, nenhum programa social dá certo. Mas é necessário que essas ações sejam feitas o quanto antes, pois seus resultados demoram bem mais a aparecer do que os de uma ocupação policial".

Para o prefeito Eduardo Paes, há um longo caminho a ser percorrido como sequência à pacificação, e a direção é a apontada por Beltrame.

"Não há dúvidas quanto à necessidade de aprimorar os serviços. Temos muito a fazer, mas muito está sendo feito. Nós conseguimos realizar obras de emergência em várias comunidades, e há trâmites de licitação e de projeto. Estou plenamente de acordo com o Beltrame", afirmou Paes.

Uma das empresas citadas por Beltrame como parceira das UPPs foi a Light, que deve investir cerca de R$150 milhões para regularizar, em 2011, o fornecimento de energia de 50 mil residências em áreas pacificadas.

"Concordo com o secretário, e a Light é uma das parceiras. Já mudamos as instalações elétricas de 11 mil famílias, doando geladeiras, lâmpadas e outros aparelhos domésticos", diz Jerson Kellman, presidente da empresa.

Abrir WhatsApp