Presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB/RJ, o advogado Marcelo Chalréo, que acompanhou o protesto de domingo, diz que, mais uma vez, a polícia falhou e houve excessos. Além da entrevista concedida por Chalréo, a comissão emitiu, nesta terça-feira, uma nota oficial sobre os acontecimentos. O senhor acompanhou a ação da PM no entorno do Maracanã. Como foi esse convite? Representei a Comissão de Direitos Humanos da OAB em uma reunião com o comandante da PM. Nessa reunião, eles admitiram excessos nas outras manifestações e até mesmo que isso aconteceu por falta de equipamentos de comunicação que pudessem identificar os fatos. Eles nos convidaram a acompanhar o trabalho da polícia. Nota oficial da CDH da OAB/RJ Como o senhor analisou a manifestação de domingo, perto do estádio? Eu estava na primeira linha de ação do Batalhão de Choque. Vi que a confusão começou com um pequeno grupo de 15 a 20 pessoas. A polícia, num primeiro momento, teve uma ação correta, afastando e dispersando esse grupo minoritário. Depois, o Batalhão de Choque começou a agir com a multidão e perdeu o controle de tudo. A algumas centenas de metros de onde estava o núcleo principal da manifestação. A tropa passou a agir como uma boiada sem boiadeiro. Passaram a jogar bombas de pimenta e gás indiscriminadamente. Os tiros de bala de borracha foram disparados acima da linha da cintura. Para mim, mais uma vez, a operação foi falha. A tropa foi largada na rua sem comando e sem direção. Sei que 99,9% das pessoas que estavam lá pretendiam se manifestar de forma pacífica. Como a polícia deveria agir nesses protestos? Eu acho que a PM tem que aperfeiçoar os métodos de abordagem e controle de manifestantes. A polícia não vem se modernizando. Um caminhão com jatos de água como o que foi adquirido, um megafone para se comunicar com a massa e caminhões que lançam jatos de tinta, e não machucam, seriam ideais.