04/12/2012 - 18:40

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TJ terá pela primeira vez uma mulher como presidente

jornal O Globo

Momento histórico no Judiciário do Rio: a desembargadora Leila Mariano foi eleita ontem, com 161 votos, presidente do Tribunal de Justiça do Rio para o biênio 2013/2014, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo. Desembargadora desde 1998, ela atualmente preside a Segunda Câmara Cível do TJ e é diretora-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio (Emerj). Em seu discurso, Leila Mariano - que substitui Manoel Alberto Rebêlo dos Santos na presidência do tribunal - destacou o papel da mulher na sociedade, citando o teólogo Leonardo Boff:
 
"Penso que as mulheres têm um especial cuidado com aquilo que fazem, como diz Leonardo Boff. Não só com as pessoas, com as coisas, com a forma de fazer. Além do cuidado, nós temos também a possibilidade de sempre pedir ajuda. A mulher, ao exercer as suas múltiplas atividades, gosta da participação e de valorizar os participantes que realmente contribuam".
 
A mulher ficou na cozinha durante séculos. Na cozinha, ela não falava, mas ouvia e pensava. Tudo tem que ser pensado. Planejar primeiro e agir depois
Leila Mariano
presidente eleito do TJ
A desembargadora deixou claro que o planejamento será uma das marcas de sua gestão. "A mulher ficou na cozinha durante séculos. Na cozinha, ela não falava, mas ouvia e pensava. Tudo tem que ser pensado. Planejar primeiro e agir depois", ressaltou.
 
Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre e doutoranda pela Universidade Estácio de Sá e especialista em Direito Administrativo e Tributário, a desembargadora já listou suas prioridades na presidência do TJ: criar condições de trabalho para juízes e servidores, a fim de atender aos nove milhões de processos; uma gestão de diálogo e participação dos 17 mil servidores, cinco mil terceirizados e cinco mil estagiários, além dos conciliadores, mediadores, da Ordem dos Advogados do Brasil e os governos estadual e municipal; valorização dos magistrados e servidores com o reconhecimento pelo trabalho e a oferta de cursos; aperfeiçoamento da comunicação externa e interna do TJRJ; investimento em tecnologia; e prestação de contas.
 
Aprimoramento do Judiciário
 
A desembargadora defende também o aprimoramento do Judiciário: "Com a complexidade da sociedade moderna, é preciso entender de sociologia, antropologia, psicologia, teoria do Estado e da política e até conhecer os princípios da psicanálise para entender como se forma intrinsecamente a decisão, que mitos e preconceitos podem nela influir. Direito só não basta para o magistrado nos dias de hoje", disse.
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