27/08/2015 - 10:01

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Em subseção da OAB/RJ, Beltrame pede ajuda de outras secretarias

jornal O Globo

Num duro discurso feito ontem no plenário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Niterói, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, voltou a pedir ajuda de outras secretarias no combate à violência, criticou o crescimento desordenado das favelas e defendeu o aumento do efetivo da Polícia Militar.
 
"As favelas continuam crescendo de forma desordenada. Lá em cima do morro, ninguém do poder público faz nada, exceto a polícia. Quando resolvi reformar uma cabine da polícia na Lagoa Rodrigo de Freitas, tive que dar satisfação a.diversos órgãos. Se você arranca uma árvore aqui embaixo, está cometendo crime ambiental. No morro, não. O Estado é ausente, e aí pode tudo", criticou Beltrame.
 
Ao deixar o plenário, onde foi bastante aplaudido após a palestra Segurança pública e as drogas: as UPPs são uma solução - evento que reuniu cerca de 130 pessoas -, o secretário reiterou que a polícia recebe mais críticas do que ajuda de diversos órgãos públicos.
 
"Quem critica pode ter suas razões. Entretanto, mais do que de polícia, precisamos no Rio de união. A responsabilidade de tudo sempre recai sobre nossas costas. Se a polícia tem que resolver tudo, acho que a sociedade precisa nos escutar mais. Precisamos de ajuda", disse.
 
Ele defendeu a atuação da PM no episódio ocorrido no último domingo, quando 15 adolescentes foram retirados de um ônibus que saíra do subúrbio em direção à Zona Sul e foi parado numa blitz em Botafogo. Os jovens foram levados para o Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca), em Laranjeiras:
 
"Acho impossível qualquer força policial não verificar preventivamente o que acontecia naquela situação. Não estou falando de racismo, nem se quer dizer que esses jovens iam praticar crimes. Mas a liberdade de ir e vir também exige deveres", disse.
 
Sobre o efetivo policial do estado, Beltrame afirmou que precisaria de 90 mil PMs na ativa para atingir o modelo ideal de segurança pública. Hoje, são 49 mil. "Eu acho que deveríamos trabalhar com 90 mil homens. Temos autorização da Alerj para atingir os 62 mil até o ano que vem. Depois, teremos que analisar e ver se poderemos abrir novos concursos. Em outubro, vamos convocar mais seis mil policiais que foram aprovados no último concurso", afirmou.
 
UPP: dúvida sobre expansão
 
Em meio às incertezas sobre o aumento do efetivo da PM, o governador Luiz Fernando Pezão não garantiu ontem a expansão do projeto de pacificação. Atualmente, o estado tem 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Durante a campanha eleitoral, Pezão prometeu a criação de mais 50 UPPs até 2018. No entanto, a proposta está sendo revista em função da crise econômica.
 
"A opção agora é mais polícia de proximidade. Queremos a polícia mais perto do cidadão", disse Pezão, reiterando que a decisão sobre os rumos do projeto cabe a Beltrame.
 
O pronunciamento do governador aconteceu após a inauguração de uma Companhia Destacada da PM em Nova Iguaçu. A unidade fica no bairro Cerâmica, a apenas 850 metros do Bar Caíque, onde nove pessoas morreram há dez anos numa chacina. Ao todo, 140 homens vão patrulhar a região.
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