Em sua posse como novo secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella Vieira fez um contraponto ao seu antecessor no cargo, Antonio Ferreira Pinto, e defendeu que o combate ao crime e o respeito aos direitos humanos não são excludentes. O novo titular da pasta, que assume o cargo em meio a uma onda de violência, disse que o bom trabalho policial respeita os direitos fundamentais e que pretende combater a violência e promover a cidadania. Ao passar o cargo, Antonio Ferreira Pinto admitiu que deu ênfase ao trabalho das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar, que ganhou poder de investigar crimes e foi acusada de ser truculenta. É preciso desfazer a noção equivocada de que o combate ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes Fernando Grella secretário de segurança em SP "É preciso desfazer a noção equivocada de que o combate ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes. Não são. Não se pode tolerar a omissão do Estado, mas não se pode aceitar, sob qualquer fundamento, a violação dos direitos fundamentais. A boa ação é a que combina o irrestrito respeito aos direitos humanos e a ação efetiva do Estado, seja no campo preventivo ou repressivo dos ilícitos penais", afirmou Grella. O novo secretário, que foi duas vezes procurador-geral de São Paulo, disse que as instituições policiais terão nele um aliado pela valorização da carreira e que defenderá o "bom policial". Ele afirmou que, na medida do possível, pretende agilizar o afastamento de policiais investigados por irregularidades. Em seu discurso, ressaltou também a importância da inteligência no combate ao crime organizado, que representa um de seus maiores desafios. "O crime organizado não respeita fronteiras. Ele ataca pelas costas, de forma covarde, corrosivo. A única forma de combatê-lo é com planejamento, inteligência e capacidade de atuação concorrente de todos os entes que compõem a federação", defendeu Grella. Ex-secretário destaca ação da Rota Em seu discurso, o ex-secretário Antonio Ferreira Pinto ressaltou conquistas da Rota, como apreensão de armas, drogas e dinheiro utilizado pelo crime organizado. Ele negou, contudo, que tenha tentado diminuir a importância da Polícia Civil em sua gestão à frente da pasta, principal crítica feita ao seu trabalho. "Nunca a Polícia Civil foi afastada da investigação e do combate ao crime organizado. É verdade que eu prestigiei a Rota, e me orgulho disso, para melhorar ou diminuir a sensação de insegurança que assola a todos nós", disse o ex-secretário.