No Brasil, mais de seis mil crianças estão na fila para serem adotadas, segundo o Cadastro Nacional de Adoção, enquanto os possíveis adotantes passam de 35 mil. A conta fecharia – e com sobra – se a maioria das crianças disponíveis para a adoção não estivesse fora do perfil tradicional idealizado pela maioria das famílias, seja pela faixa etária, cor, por terem irmãos ou por serem portadoras de alguma doença. Para facilitar a adoção dessas crianças, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP) vai lançar o sistema Quero uma família, que pretende facilitar a busca ativa de adotantes habilitados. O lançamento será no dia 27 de abril, às 18h30, na sede da OAB/RJ, que fica na Avenida Marechal Câmara, 150, 4º andar. Pelo projeto, pessoas que estejam habilitadas a adotar poderão buscar as crianças que já estão disponíveis para a adoção. Pessoas do Brasil inteiro poderão ter acesso ao programa que terá os dados apenas de crianças do Rio de Janeiro. Segundo a presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB/RJ, Silvana do Monte, a ideia é levar as pessoas a se sensibilizarem, já que o objetivo da adoção é atender o interesse da criança. “A cultura da adoção é procurar famílias para crianças que dela necessitam, não dar filhos para quem não pode ter”, explica. “Atualmente, as pessoas habilitadas não podem verificar a situação no Cadastro Nacional de Adoção, além de não ter como saber o lugar na fila e muito menos fazer uma simulação e encontrar crianças. Com essa iniciativa, o MP está abrindo uma caixa preta”, explica Silvana. No evento, além da apresentação do sistema e de palestras, dois adotantes contarão sua história com a busca ativa. Um deles, adotou uma criança com hidrocefalia que já estava há mais de um ano na fila de adoção. O outro casal adotou quatro irmãos, o mais velho com onze anos na época e os três mais novos com suspeita de HIV.