07/05/2014 - 10:39

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A senadores, caseiro nega ter ajudado a matar militar

redação da Tribuna do Advogado

O caseiro Rogério Pires, 27, preso por suspeita de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malhães, negou ontem a três senadores da Comissão de Direitos Humanos ter participado do crime, ocorrido no último dia 25 de abril.
 
A declaração, que contradiz os depoimentos obtidos pela Polícia Civil, foi relatada pelos senadores Ana Rita (PT-ES), João Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e pelo presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous. Eles visitaram Pires ontem, na cela da Delegacia Antissequestro, no Leblon, no Rio.
Segundo senadores, caseiro não tem advogado e nem está sendo representado pela Defensoria Pública
 
Malhães foi encontrado morto num dos cômodos de seu sítio, em Nova Iguaçu (RJ). A mulher do militar e o próprio caseiro foram amarrados em quartos distintos.
 
Dinheiro, computadores, joias e armas foram roubados. A polícia investiga a participação de mais três pessoas no caso - dois irmãos do caseiro e uma terceira pessoa que estaria encapuzada e ainda não foi identificada. O militar havia prestado, um mês antes, depoimento à Comissão da Verdade no qual reconhecia ter participado de torturas, mortes e ocultação de corpos de vítimas da ditadura militar (1964-1985).
 
Segundo os senadores, o caseiro, que teve prisão temporária decretada no último dia 29, não possui advogado e nem está sendo representado pela Defensoria Pública do Rio. A prisão temporária tem prazo de 30 dias.
 
Aos parlamentares, Pires contou que é analfabeto, o que aumentaria sua necessidade de auxílio jurídico.
A mulher do caseiro, Marcilene dos Santos, 21, disse à Folha que não consegue contato com o marido desde que ele foi preso. "Fiquei sabendo da prisão pela TV, e a última vez em que falei com Rogério foi quando a polícia esteve em nossa casa para levá-lo a depor. Até então ele era apenas testemunha e à noite disseram que havia participado do crime", disse ela.
 
Irmãos sumiram
 
O delegado Pedro Medina, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, disse que Pires foi autorizado a telefonar para a família depois de ser preso no dia 29. "Tanto ele falou com a família que os dois irmãos dele que são suspeitos desapareceram, sumiram do mapa", afirmou o delegado.
 
Os senadores estiveram no Rio para verificar em que condições se encontra o caseiro, único suspeito do caso preso até agora.
 
Damous disse não estar convencido da tese de latrocínio (roubo seguido de morte) levantada pela polícia e afirmou que a visita tem como objetivo, entre outras coisas, garantir a segurança do suspeito, já que acredita na possibilidade de o caso ter sido uma "queima de arquivo".
 
Após a visita ao preso, os senadores foram à sede da chefia de Polícia Civil para esclarecer a divergência das versões. Na saída, o delegado Medina afirmou que o suspeito assumiu ter participado da ação em três depoimentos.
 
O subcoordenador do Nuspen (Núcleo do Sistema Penitenciário) da Defensoria Pública do Rio, Leonardo Meriguetti, disse que na fase de inquérito não é obrigatória a presença de um advogado ou defensor. A viúva de Malhães, Cristina Batista Malhães, disse à Folha que suspeita que o roubo de armas tenha sido a motivação do crime, mas não quis detalhar quantas e quais armas o marido possuía.
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