03/01/2017 - 10:01 | última atualização em 03/01/2017 - 09:59

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Sem reajuste nos ônibus do Rio de Janeiro

jornal O Globo

Previsto já para janeiro, o aumento das tarifas dos ônibus municipais está suspenso por tempo indeterminado. A decisão, que afeta mais de dois milhões de usuários (excluídas as gratuidades) que pagam para se deslocar diariamente pela cidade, foi tomada ontem pelo prefeito Eduardo Paes, depois de uma polêmica sobre o reajuste com a equipe do seu sucessor, Marcelo Crivella.
 
Pela manhã, Paes chegara a anunciar, em entrevista à Rádio CBN, que Crivella teria concordado com o aumento. A Secretaria de Transportes divulgaria, no fim do dia, o valor, mas a tendência seria a passagem passar dos atuais R$ 3,80 para R$ 3,95, que provavelmente passariam a vigorar a partir de amanhã. No entanto, no início da tarde, o vice-prefeito eleito e futuro secretário de Transportes, Fernando Mac Dowell, divulgou uma nota negando que Crivella tenha dado sinal verde para o reajuste.
 
Mac Dowell apresentou ainda argumentos técnicos para a suspensão. "Achar que aumentar a tarifa significa melhorar a receita é um pensamento equivocado. Ocorre justamente o contrário, por ampliar os problemas sociais", disse, em nota. "Não adianta fazer reajuste neste momento de crise, pois aumentará a redução de passageiros transportados"
 
O futuro secretário disse também que a implantação dos corredores de BRT gerou uma redução de 31% no custo de operação do sistema, que não foi repassada aos usuários. "A redução também foi constatada no BRT TransMilênio, em Bogotá, que serviu de modelo para o sistema implantado no Rio. Em Bogotá, a redução do custo foi repassada para a tarifa, beneficiando a população e o próprio sistema, evitando assim a queda da demanda" informou na nota.
 
Em meio à polêmica, Paes preferiu não se manifestar publicamente sobre o assunto. Três horas depois de Mac Dowell se posicionar sobre o aumento, a Secretaria municipal de Transportes divulgou uma nota: "De acordo com a fórmula paramétrica, a tarifa do Bilhete Único Carioca passaria a ser de R$ 3,95, com um reajuste de 3,59%, valor bem abaixo da inflação de 6,58% acumulada nos últimos 12 meses pelo IPCA-E. Apesar de defender o cumprimento do contrato, o prefeito Eduardo Paes entende que no momento é necessário respeitar a decisão do prefeito eleito Marcelo Crivella e sua equipe"
 
Suspensão sem prazo determinado
 
Com a suspensão do reajuste, previsto nos contratos de concessão com os quatro consórcios que exploram o serviço, o Rio toma uma decisão igual à do prefeito eleito de São Paulo, João Doria, que também não aumentará as passagens no início de 2017. Lá, Doria disse que a tarifa ficará congelada até o fim do ano que vem.
 
No Rio, a equipe de Crivella não deixou claro por quanto tempo valerá a medida. A última vez em que as duas prefeituras decidiram não dar reajuste no início do ano foi em 2013. Na época, os aumentos foram adiados para junho e também acabaram sendo suspensos, em meio a uma série de manifestações que se espalharam pelo país, com críticas à qualidade dos serviços públicos.
 
Em nota, o Rio Ônibus, sindicato das empresas, disse lamentar a decisão. Segundo a entidade, o reajuste, previsto em contrato, garante a segurança jurídica necessária à continuidade dos investimentos. O aumento anual da tarifa, ainda de acordo com o Rio Ônibus, representa a recomposição de custos e obrigações assumidas ao longo do ano, com itens como combustível e mão de obra, entre outros. O texto destaca que tarifas de outros meios de transporte, como trens e barcas (sob responsabilidade do estado), serão reajustadas em 2017.
 
Se nos ônibus não haverá aumento, na via expressa Transolímpica (Deodoro-Recreio) a situação será diferente. Hoje, a tarifa básica do pedágio sobe de R$ 5,90 para R$ 6,60. O aumento será aplicado com base numa liminar obtida pela concessionária ViaRio. Como a Justiça ainda não decidiu o mérito da questão, os motoristas devem guardar os recibos, para o caso de precisarem pedir ressarcimento.
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