30/03/2017 - 12:04 | última atualização em 03/04/2017 - 14:43

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Seccional debate criação de santuário de tubarões em Noronha

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
Na manhã desta quarta-feira, dia 29, a Comissão de Proteção e Defesa dos Animais (CPDA) promoveu um debate sobre a criação de um santuário de tubarões em Fernando de Noronha. Segundo o presidente da CPDA, Reynaldo Velloso, a posição da comissão é a de colaborar no que for necessário para a efetivação da construção do santuário. “É uma luta grande e que não vai se restringir a esse evento. Temos que avançar”, defendeu.
 
Por mais que existam ações de preservação dos tubarões e que a pesca da espécie na ilha seja proibida desde 1980, existe uma polêmica relacionada ao consumo de bolinho de tubarão, que vem se tornando parte da atividade turística na ilha. Para os especialistas reunidos na Seccional, não faz sentido que o mesmo local que fala sobre preservação da espécie a sirva como alimento.
 
Formado por 21 ilhas e integrando o estado de Pernambuco, a maior parte do arquipélago faz parte do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. E foi sobre o potencial turístico dos parques nacionais que falou Angela Kuczach, diretora-executiva da Rede Pró Unidades de Conservação. “O Brasil está explorando apenas 1% do potencial de arrecadação de turismo de uso público em parques nacionais. A gente ainda não conseguiu levar as pessoas para nossos parques nacionais. Fernando de Noronha é a oportunidade de alavancarmos esse turismo com respeito”, disse.
 
Representando a Divers For Sharks, iniciativa internacional de mergulhadores profissionais, José Truda Palazzo Jr. afirmou que a criação de um santuário de tubarões em Fernando de Noronha mudaria a situação da região. “A ilha pararia de ser contribuinte para uma situação de degradação dos tubarões para se tornar um polo de conscientização. Temos que trabalhar ativamente para que Fernando de Noronha possa receber não só essa forma de turismo, mas também eventos e atividades internacionais de mergulho com tubarões. Precisamos construir um consenso que seja bom para tanto para os tubarões e quanto para as pessoas”.
 
O oceanógrafo Marcelo Skaf afirmou que é preciso ter uma estratégia para que o tema seja difundido. “Nós precisamos ganhar escala. Não adianta falarmos só para pessoas que tem sensibilidade à questão de preservação dos animais. Os tubarões só serão preservados quando tocarmos que não entende a importância dos animais. Quem entende já está do nosso lado”, defendeu. Segundo ele, uma das estratégias possíveis é a sensibilização. “No Brasil nós não temos exemplos, por isso Noronha se torna um diamante. A ilha tem todos os predicados para ser um exemplo e para isso basta ter vontade para que sejam criadas políticas públicas. A partir daí a gente pode replicar isso para outros lugares”, explicou.
 
O mergulhador Eduardo Macedo afirmou que quem costuma mergulhar em Fernando de Noronha vem observando a diminuição de espécies de tubarão. “Nós, como mergulhadores, somos os primeiros a ver esse declínio, a presença de tubarões vem diminuindo e para nós é importantíssimo que os tubarões estejam lá para que a gente possa filmar e fotografar, não comer. O tubarão vivo vale muito mais que o tubarão morto. As pessoas não vão à Noronha para comer bolinho de tubarão, elas vão para ver tubarão. ”, destacou.
 
O presidente do Conselho Distrital de Fernando de Noronha, Milton Luna, explica que a população da ilha não está defendendo o consumo do bolinho de tubarão e que não existe matança do animal na ilha. No entanto, defende que a criação do santuário deve passar pela aprovação dos moradores do local.  “De que forma o santuário pode ajudar Noronha? Eu sugiro fazer uma audiência pública, levando especialistas para a ilha para que isso seja discutido em conjunto com todos”, disse.
 
O fundador e Coordenador da Divers For Sharks, Paulo Guilherme Pinguim Alves Cavalcanti, relatou que apenas seis estabelecimentos em Fernando de Noronha vendem o bolinho de tubarão. “Por que não usar palmito desfiado ou alga desfiada? Se esses estabelecimentos simplesmente mudarem um ingrediente da sua lista de produtos, a gente vai resolver esse problema em Fernando de Noronha e vai estar criando um caso símbolo e vamos criar uma situação de um ato heroico de defesa dos tubarões em Fernando de Noronha”.
 
O documentarista de natureza Lawrence Wahba destacou que Fernando de Noronha é um local onde é possível mergulhar naturalmente com tubarões e que essa característica deveria ser mais explorada. “São poucos os lugares no planeta Terra em que você pode mergulhar com tubarões sem o uso de isca. E isso está sendo cada vez mais valorizado. O mergulho com isca foi proibido com os Estados Unidos e vem sendo proibido em todo o mundo, mas Noronha tem esse diferencial em que é possível observar os tubarões naturalmente”, lembrou.
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