20/06/2012 - 18:00

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Proteção da natureza, mas também dos homens, defende Coutinho

redação da Tribuna do Advogado

"Não podemos separar os problemas do Homem dos ambientais. Esse é o momento de discutir a relação do nosso país com o seu povo, e não só com a natureza", observou o professor, ex-coordenador do Grupo de Pesquisa, Gestão Urbana e Direito Ambiental da Uerj e membro da Comissão de Direito Ambiental da OAB/RJ, Ronaldo Coutinho, na abertura do painel sobre Justiça ambiental, realizado nesta quarta-feira, na Seccional, como parte dos eventos da Cúpula dos Povos.
 
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'Não existe uma economia verde. A economia é e sempre será do capital', disse Coutinho
Para Coutinho, é necessário travar uma luta não só contra as consequências à natureza, mas principalmente contra a depredação humana, a destruição da dignidade e a exploração do que ele chamou de "máquinas de moer gente". "Qualquer proteção ao ambiente tem que passar pela proteção ao Homem. A urbanização que se acelera é a da miséria. Desalojar populações indígenas como quer o agronegócio é contrariar a Constituição pelo interesse do capital", afirmou o professor.
 
Segundo ele, o país está inserido em um modo de produção hegemônico no 
qual o capital dita as regras da sustentabilidade. "Se continuarmos com esta produção, com as necessidades que ela demanda, não teremos mudança alguma. Não existe uma economia verde. A economia é e sempre será do capital. Sustentabilidade hoje é um conceito polissêmico e os maiores poluidores são os que mercantilizam este tema", ponderou, para, em seguida, questionar: "Como reivindicar Justiça ambiental se as comunidades mais atingidas são justamente as mais pobres? Eu quero uma sociedade justa e igualitária, será que só o Direito Ambiental daria conta disso?".
 
Comunidade indígena também compareceu ao debate  |  Foto: Lula Aparício
Complementando a discussão, o pesquisador Marcelo Firpo - coordenador do mapa da injustiça ambiental e saúde no Brasil - destacou que o maior problema da humanidade são as desigualdades, responsáveis por gerar diferentes ambientes. Já o especialista em Direito Ambiental da Argentina Carlos Spirito, ressaltou que quando não está claro o conceito de economia verde, não estão claros, também, seu funcionamento, sua finalidade e a quem ela beneficia.
 
O painel, presidido pelo conselheiro da OAB/RJ Rogério Borba, abordou ainda os temas Justiça Climática, prevenção e mitigação; e Reflexões sobre a Rio +20, a Cúpula dos Povos e a saúde coletiva.
 
 
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