Presidente da Câmara do DF ignora apelos e se mantém no cargo Do Jornal do Brasil 12/01/2010 - No primeiro dia de trabalho após o recesso de fim ano, o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (sem partido), teve que enfrentar as pressões de deputados distritais para que se afaste do comando da Casa. Nos bastidores, até mesmo parlamentares governistas discutem alternativas para garantir uma nova eleição para a presidência, mas Prudente reafirmou ontem sua disposição para permanecer no cargo. Em uma reunião que durou mais de três horas e contou com 22 dos 24 distritais, Prudente, flagrado guardando suposto dinheiro de propina no terno e nas meias, ouviu de colegas parlamentares que sua permanência na presidência fragiliza ainda mais a imagem da Casa, arranhada com o envolvimento dele e pelo menos mais sete colegas no suposto esquema de arrecadação e pagamento de propina do governador José Roberto Arruda. Prudente não se sensibilizou com os apelos e prometeu continuar no comando dos trabalhos da Câmara. Alguns governistas, como Eliana Pedrosa (DEM) e Wilson Lima (PR), contudo, já demonstraram interesse em assumir a presidência. Na tentativa de deixar o caminho livre para uma nova eleição, os governistas leram, durante a sessão inicial da CPI da Corrupção, um requerimento em que 11 deputados pedem o afastamento do vice-presidente da Casa, Cabo Patrício (PT), por causa de um processo de quebra de decoro que o parlamentar sofre. O petista foi alvo de uma representação na Casa, acusado de abuso de poder em um acidente de trânsito. Cabo Patrício se recusou a deixar a vice-presidência e disse que está finalizando sua defesa para entregar à Corregedoria. "Não aceito intimidações. Vou me defender e quero meu processo julgado em plenário", protestou. Ao mesmo tempo, cinco deputados de oposição protocolaram outro pedido de afastamento do presidente Leonardo Prudente (sem partido) até que sejam concluídos os processos que tramitam contra ele. Ontem, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal, Francisco Caputo, criticou a decisão de Prudente de reassumir o cargo. "O deputado Leonardo Prudente não tem condições morais e políticas para conduzir o processo", disse Caputo em entrevista à rádio CBN, acrescentando ainda que uma comissão de advogados especialistas estuda os meios jurídicos possíveis para reverter na Justiça o quadro institucional da Câmara Distrital. O clima foi de tensão ontem na Câmara. Já nas primeiras horas da manhã, cerca de 500 manifestantes contrários e favoráveis ao governador Arruda já se aglomeravam nos arredores do edifício sede do poder Legislativo do DF. O acesso do público às dependências da Casa, contudo, foi proibido pela presidência da Câmara. De acordo com nota divulgada pelo órgão, "todas as providências estão sendo tomadas para que a Câmara tenha condições de permitir, no prazo mais curto possível a livre circulação do público, com plena garantia de segurança para todos". Proibidos de acompanhar a movimentação dos deputados no interior da Câmara, estudantes e sindicalistas que pedem a saída de Arruda do cargo e apoiadores do governo permaneceram mobilizados no local trocando provocações.