20/10/2011 - 11:22

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Prefeitura de Teresópolis sem verba para reconstrução

O Globo

Nove meses e três prefeitos depois, Teresópolis mantém os sinais da destruição causada pelo temporal que devastou a Região Serrana no Rio, em janeiro. O prefeito interino da cidade, Arlei de Oliveira Rosa (PMDB), afirma não ter orçamento suficiente para realizar as obras emergenciais. Ele tomou posse após denúncias de desvio de dinheiro público durante a gestão de Jorge Mário (PT), que, afastado, foi substituído por Roberto Pinto (PR), que morreu. Embora os repasses do governo estadual e da União tenham ultrapassado os R$ 11 milhões, a quantia ainda é pequena para a reconstrução da cidade, afirma Rosa.
 
"Existe uma incapacidade financeira do município em realizar obras que garantam a segurança da população. Por isso, estamos investindo, através da Defesa Civil, na preparação das comunidades para o caso de novas ocorrências", disse ele.
 
Enquanto as investigações sobre o desvio de verba são conduzidas pelo Ministério Público Federal, moradores de bairros atingidos pela tempestade aguardam apreensivos pelas obras. Com a proximidade do período de chuvas, a leitora Marília Ebert teme que o Rio do Príncipe, localizado no bairro da Posse, transborde e alague a região.
 
"As margens estão assoreadas e ainda mostram as marcas da tragédia. Como não vemos máquina nem operário por aqui, os moradores, cansados de esperar, estão retornando para suas casas, em áreas condenadas pela Defesa Civil", diz Marília.
 
A prefeitura disse que enviou nesta quarta-feira equipe de homens e máquinas para vistoria e agendamento de reparos.
 
Outro ponto que preocupa os moradores é a Estrada Adelino Dias, um dos principais acessos entre os bairros de Cruzeiro e Santa Rita. Segundo o leitor Alexandre Braga, a estrada, que havia sido recuperada parcialmente em janeiro, voltou a ruir com as chuvas no último fim de semana, impossibilitando a passagem de veículos de quatro rodas.
 
"Com as chuvas dos últimos dias, alguns moradores do bairro Cruzeiro abandonaram suas casas, pois há risco iminente de desabamento. A situação é critica e tende a piorar, no entanto, as autoridades locais continuam a se omitir", observa o leitor.
 
O município informou que interditou a via e vai aguardar a diminuição do volume de chuvas para tomar providências.
 
Para o movimento "Nossa Teresópolis'', que representa as famílias afetadas pela chuva, os trabalhos de reconstrução estão estagnados. O grupo reivindica a retirada de pessoas das áreas de risco, a reconstrução dos acessos, como pontes e ruas, além do desenvolvimento de um programa de educação ambiental.
 
"Tudo aqui é emergencial. A questão pós-catástrofe não foi tratada com a devida atenção e, simplesmente, não evoluiu. Precisamos, pelo menos, de ações básicas, de primeira necessidade, antes que as próximas chuvas piorem essas condições - reivindica a diretora-executiva da ONG, Rita Telles.
Sirenes e plano de crise
 
A Secretaria de Estado de Defesa Civil do Rio vai investir R$ 3,3 milhões na instalação de 73 sirenes de alerta de chuvas em pontos críticos nos municípios da Região Serrana. Serão 38 equipamentos em Nova Friburgo, 18 em Petrópolis e 17 em Teresópolis.
 
A primeira sirene do sistema de alerta foi instalada na comunidade do Rosário, em Teresópolis, no dia 5 de outubro. O equipamento medirá os níveis de chuva e emitirá um alerta de SMS aos moradores em caso de situações de risco. Os pontos de apoio foram definidos pela Defesa Civil, com rotas de sinalização, junto com a comunidade. Hoje já existem cerca de 700 pessoas capacitadas para o trabalho.
 
"Representantes de cada região emitirão o primeiro sinal de alerta aos moradores. Se a situação ficar mais crítica, será dado um sinal de alarme, pela sirene, para que as pessoas deixem suas casas e sigam para um dos nossos pontos de apoio", explicou o Secretário Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil, coronel Roberto Silva.
 
A Prefeitura de Teresópolis diz ainda que está investindo em um plano de gerenciamento de crise da Defesa Civil, que define ações em casos de emergências. O trabalho será realizado em parceria com os moradores e ONGs.
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