08/05/2013 - 11:03 | última atualização em 17/05/2013 - 18:24

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Prédio da Caarj será sede da Comissão da Verdade do Rio

redação da Tribuna do Advogado

Alvo de um atentado a bomba em 1980 e pioneira no debate que se abriu nos últimos anos sobre Memória e Verdade, a Ordem dos Advogados do Brasil foi palco nesta quarta-feira, dia 8, em sua seccional do Rio de Janeiro, do lançamento da comissão estadual que vai tentar elucidar a atuação de agentes do governo durante a ditadura militar. E sua relação com a luta pela democracia vai ser ainda mais ampla: a Comissão do Rio será instalada na sede da Caarj, perto do prédio da Seccional e local onde funcionou o Conselho Federal à época do atentado.
 
"Aqui surgiu o embrião da Comissão Nacional da Verdade (CNV) com a campanha instalada em 2010. Acredito que o Wadih terá muito trabalho porque no Rio aconteceu grande parte dos crimes da ditadura", afirmou o vice-presidente da Seccional, Ronaldo Cramer, referindo-se ao presidente da núcleo estadual da Verdade, Wadih Damous, que comandou a Seccional entre 2007 e 2012. Cramer estava representando o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.
 
Foi o próprio Wadih quem anunciou a instalação da grupo na sede da Caarj: "Terei orgulho de trabalhar onde Lyda Monteiro trabalhou". Dona Lyda, como era conhecida, morreu na explosão da bomba endereçada ao presidente do Conselho Federal à época, Eduardo Seabra Fagundes.
 
Wadih ressaltou que os mortos e desaparecidos no período da ditadura são a principal razão da existência das comissões criadas pelos governos federal e estadual e pediu atenção dos governantes. "Sabemos dos dois lados daquela época sombria: os parlamentares e militares que desonraram seus mandatos e fardas e os verdadeiros heróis brasileiros que não sucumbiram à repressão. É um paradoxo, mas a categoria profissional mais atingida pelo golpe foi exatamente a militar. São as histórias dessas pessoas que queremos contar".
 
O governador do estado, Sérgio Cabral Filho, garantiu autonomia ao grupo fluminense e anunciou que a sede do antigo Dops, localizada na Rua da Relação, na Lapa, será transformada em um centro de memória. "Vamos restaurá-la e dar a dignidade da verdade e da memória ao centro. Esse é o primeiro passo, pois a pretensão é expandir esse projeto a outros centros de tortura da época da ditadura". O Dops foi um dos principais centros de detenção e tortura no período militar.
 
A atuação dos advogados durante a ditadura foi lembrada pela ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário. "A figura de Modesto da Silveira representa todos os advogados que fizeram sua carreira defendendo quem estava à margem do respeito da sociedade, num período em que a Constituição foi rasgada", constatou.
 
Já Rosa Maria Cardoso, integrante da comissão nacional e conhecida por ter defendido a presidente Dilma Rouseff quando guerrilheira, destacou o amadurecimento da sociedade, que tem, segundo ela, se mostrado interessada em saber o que de fato se passou durante o período militar. "O interesse pela exumação de Jango é um exemplo disso", destacou, fazendo referência à investigação sobre a morte do ex-presidente João Goulart. Rosa representou a CNV no evento.
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