07/10/2011 - 10:14

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Patrícia Acioli recebeu ameaças de comandante

O Dia

Agoniada por receber informações sobre ameaças de morte do então comandante do 7º BPM (Alcântara) Cláudio Luiz Silva de Oliveira e por saber que o filho estava sendo seguido sem escolta oficial do Tribunal de Justiça. Assim foram os últimos momentos vividos pela juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Patrícia Acioli, até ser executada com 21 tiros, dia 11 de agosto. As informações constam no relatório da Divisão de Homicídios (DH) sobre o crime, ao qual O Dia teve acesso.
 
Em fevereiro, a fragilidade da segurança da juíza ficou mais evidente: dois policiais do 7º BPM, entre eles Marcelo Poubel, namorado de Patrícia, que faziam a sua escolta extraoficialmente, foram transferidos da unidade. A ordem foi do então comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte.
 
Onze PMs, entre eles o oficial Cláudio Oliveira, estão presos acusados de envolvimento no crime. A participação do oficial foi relatada por dois PMs que aceitaram a delação premiada - informações em troca de redução de pena - e reforçada em depoimentos de pessoas que conviviam com Acioli.
 
Segundo uma testemunha, a juíza estaria desestabilizada emocionalmente, sentindo-se desamparada pela falta de escolta e preocupada com a segurança da família. De acordo com o depoimento do promotor Paulo Roberto Cunha Júnior, que atuava na mesma vara de Patrícia, a magistrada recebeu informação de policiais civis, agentes penitenciários e até de PMs do batalhão de Alcântara de que Cláudio estaria armando 'bonde' com milícia do Rio para matá-la. O inquérito da DH foi entregue ao Ministério Público.
 
Em três meses, 237 ligações para comandante
 
Principal suspeito de articular a morte da juíza, o tenente Daniel dos Santos Benitez é tratado pela polícia como 'pupilo' do tenente-coronel Cláudio. A estreita relação ficou demonstrada com os contatos telefônicos entre os dois. Em três meses, Benitez ligou 237 vezes para o tenente-coronel, enquanto Cláudio ligou outras 170 vezes para seu protegido.
 
No dia do crime, o comportamento de Cláudio chamou a atenção dos investigadores. Ele chegou ao 7º BPM às 11h47, mesmo horário de Benitez, e depois de uma hora saiu para a Barra da Tijuca.
 
O fato é caracterizado como álibi para não ser envolvido no crime. Cláudio se beneficiaria ainda das propinas e extorsões, chamadas de 'espólio de guerra', do Grupamento de Ações Táticas (GAT), comandado por Benitez: rendiam de R$ 10 mil a R$ 12 mil por semana.
 
Morte após decretar prisão
 
Rumores de que Patrícia iria mandar prender o tenente-coronel Cláudio e a pressão para combater autos de resistência - mortes em supostos confrontos com a PM - foram as molas propulsoras para o grupo decidir matar a magistrada. Em janeiro, o major Rodrigo Bezerra de Barros, chefe do Serviço Reservado do 7º BPM foi preso com outros cinco de sua equipe, acusados de matar George Silvestre, 17.
 
A gota d'água para os executores foi juíza decretar a prisão de oito PMs do GAT, entre eles Daniel Benitez, pela morte de Diogo Beliene, no Salgueiro, São Gonçalo, em junho. A polícia também apontou que o grupo desviava munição do 7º BPM.
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