04/11/2009 - 16:06

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Parentes de jovens assassinados no morro dos Macacos vão mover ação contra o Estado

Parentes de jovens assassinados no morro dos Macacos vão mover ação contra o Estado


Do site Uol

03/11/2009 - Emoção e revolta marcaram o encontro dos familiares dos três jovens assassinados no morro dos Macacos, em uma ação da polícia contra traficantes, com a presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro, Margarida Pressburger, no centro da cidade. A instituição convocou os parentes para dar assistência jurídica a eles, que vão mover uma ação contra o Estado. "Queremos abrir um processo contra os responsáveis. O maior culpado é o Estado, que tem o dever de proteger o cidadão", disse a advogada.

Marcelo da Costa Ferreira Gomes, Leonardo Fernandes Paulino e Francisco Aílton Vieira foram assassinados a tiros quando chegavam de carro num dos acessos principais à comunidade, após uma festa, no último dia 17 de outubro. Neste dia, traficantes rivais tentaram invadir o morro dos Macacos.

 

Os três rapazes foram, inicialmente, apontados pela polícia como criminosos. José Marconi, tio de Marcelo, que estava em casa assistindo ao depoimento do comandante da Polícia Militar sobre as mortes no morro, resolveu ir ao local do evento e desmentir as palavras do oficial. "Peguei um táxi, fui lá e levei todas as provas para inocentar os três rapazes, que eram trabalhadores e não tinham nada a ver com o crime", explicou, indignado.
 
Após o engano, o comandante voltou atrás e pediu desculpas públicas às famílias. Marconi diz ter aceitado, mas agora quer saber o que realmente aconteceu com os rapazes.

Para Marconi, o caso deve ser apurado e investigado rapidamente, já que não houve nenhum tipo de perícia. "Foi uma sucessão de absurdos até no resgate dos corpos. Fui à delegacia e me disseram que a gente que teria que recolher os corpos", disse.

A presidente da Comissão da OAB/RJ falou sobre os crimes sucessivos na guerra entre o tráfico e a polícia e fez um alerta: "O caso (de morrer gente inocente) não é o primeiro. Algo tem que ser feito. A polícia invade o morro em horários em que as crianças estão saindo para a escola e as pessoas estão indo trabalhar. Se continuar assim, vai acontecer sempre a mesma coisa".

A empregada doméstica Maria Luisa Vieira, mãe de Francisco Aílton e Francisco Alaílton, teve os dois filhos envolvidos na tragédia, mas apenas um conseguiu ser socorrido. Segundo ela, o filho está se recuperando bem, mas ainda está muito abalado psicologicamente.

De acordo com a advogada Margarida Pressburger, Alaílton será a testemunha-chave para solucionar o caso que culminou na morte do irmão. "Vamos procurar outras pessoas que poderão ser nossas testemunhas, mas o depoimento dele é fundamental", disse a presidente.

Abatida, a mãe de Marcelo Gomes, Rita Fernandes, interrompeu a reunião diversas vezes para falar sobre seu filho. "Ele trabalhava desde os 11 anos. Era querido por todos. O irmão dele não está comendo direito, eu estou fraca. Não sei se vou conseguir viver por muito tempo", disse a mãe, emocionada.


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aqui ver a entrevista com a presidente da Comissão, Margarida Pressburger.

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