22/08/2011 - 11:06

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Operação da Polícia Federal em Santa Cruz prende 40 pessoas

jornal O Globo


Quarenta pessoas foram presas em flagrante numa operação realizada no dia 19 de agosto pela Polícia Federal, em Santa Cruz, para reprimir uma nova atividade da milícia na Zona Oeste. O grupo, que teria policiais civis e militares, ocupou há três anos uma área de mais de um milhão de metros quadrados, de onde são extraídos argila, barro e areia. Trinta caminhões carregados, que prestavam serviços a empreiteiras, além de três carros e três retroescavadeiras, foram apreendidos.

Segundo o delegado federal Fábio Scliar, chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, que coordenou a operação com apoio de agentes da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e da PM, as investigações para chegar ao grupo começaram há um ano. Fábio Scliar informou que o bando não tinha licença do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) nem alvará do Departamento Nacional de Produção Mineral ou autorização do Ibama para exercer a atividade.

Argila seria usada nas obras do Arco Metropolitano

O delegado disse que, de acordo com informações de parte dos presos, empreiteiras das obras do Arco Metropolitano compravam argila extraída ilegalmente do local. "Talvez elas nem soubessem que estavam adquirindo material ilegal", disse Scliar, que não quis divulgar os nomes das empresas.

Motoristas e trabalhadores presos no local contaram ao GLOBO que são autônomos. Eles informaram que foram contratados por pequenas empresas para encher os caminhões e transportá-los para várias regiões. Alguns veículos tinham adesivos da Secretaria municipal de Obras. O órgão informou "que os caminhões utilizados na ação são terceirizados e pertencem às empreiteiras contratadas para executar obras da prefeitura do Rio". Na mesma nota, a secretaria repudiou "qualquer tipo de relação com milícias".

Batizada de Presença, a operação da PF começou por volta das 7h. Um homem que se apresentava como policial, identificado como Alexandre de Castro Santos, seria o chefe do grupo que tomou a área, expulsando moradores. De Castro, como é conhecido, chegou a ter sua casa cercada pelos agentes - um imóvel confortável numa comunidade próxima -, mas já tinha conseguido fugir.

A casa de Castro destoa do cenário simples em volta. O imóvel tem dois andares e um amplo jardim na frente, onde uma piscina foi instalada. Na fachada, há plantas e uma grande varanda. Aves silvestres foram encontradas e apreendidas pela Polícia Federal. A casa tem muros altos, cerca elétrica e é protegida por câmeras de um circuito interno de TV. Qualquer pessoa que se aproxima é logo observada.

Miliciano teria fugido pouco antes de polícia chegar

Como não havia ninguém na casa, os policiais federais conseguiram entrar por um portão. Os agentes acreditam que De Castro tenha fugido pouco antes da chegada deles, já que num dos quartos o ar-condicionado ainda estava ligado e o ambiente, refrigerado.

"Nunca vi uma situação semelhante. É a milícia da região ampliando seus tentáculos. O terreno foi todo escavado durante vários anos, degradando completamente a área. Pelo que dá para perceber, a ação ilegal de extração provocou buracos profundos em toda a área e a remoção completa de morros. Não há qualquer autorização. Nem estadual, nem federal",  afirmou Scliar.

 

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