05/10/2018 - 18:42 | última atualização em 05/10/2018 - 19:13

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Onda conservadora na educação é tema de debate na Seccional

redação da Tribuna do Advogado

           Foto: Bruno Marins  |   Clique para ampliar
 
Vitor Fraga
A discussão sobre o que deve ou não ser ensinado nas salas de aula tem ocupado boa parte da pauta da sociedade brasileira, em meio ao avanço de ideias conservadoras sobre o papel dos professores e da escola na formação de crianças e adolescentes. Com o objetivo de aprofundar o debate sobre a questão, o Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ, a Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec) e a Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBIO) realizaram nesta sexta-feira, dia 5, o debate gratuito Docência e liberdade: o que os professores de Ciências e Biologia têm a dizer sobre a ofensiva ultraconservadora?, que aconteceu no Plenário Evandro Lins e Silva. A atividade foi transmitida pelo canal da Ordem no YouTube.
 
O mediador foi o membro da SBEnBIO Rodrigo Borba. “É um momento de fortalecer laços e criar novos, para poder resistir a um projeto de desmonte da educação, que ameaça a liberdade dos professores e nos tolhe até o direito de ter esperança de dias melhores para a educação brasileira”, disse ele na abertura. Membro do CDP, Aline Caldeira representou a Seccional na mesa do evento.
 
A autora de livros didáticos de Ciências Mônica Waldhelm, o integrante do Movimento Educação Democrática Fernando Penna e a representante da Abrapec Sandra Selles compuseram a bancada de palestrantes.
 
Foto: Bruno de Marins |   Clique para ampliar“Sou coautora de um livro de Biologia que já foi alvo de um abaixo assinado de responsáveis pelos alunos, em Ji-Paraná, por causa de uma imagem de um pênis. Imagens de autoexame das mamas foram consideradas como estímulo à masturbação”, revelou Waldhelm, ressaltando que as imagens tratavam do corpo masculino e feminino, ou seja, o conteúdo normal da matéria a ser ensinada.
 
“Em outra parte do livro, há um trecho de uma entrevista em que um ginecologista fala que sexo é bom quando é bom para os dois. Isso foi considerado errado. Imagino que o ‘certo’ deve ser estupro, sexo não consensual, então”, ironizou ela.
 
Segundo Penna, os pais não podem pedir que os filhos não sejam educados para combater preconceitos. “Isso tudo é tarefa da escola sim. Toda a legislação que trata da educação aponta para a obrigação dos professores de formar esses jovens de maneira plena, para o combate ao machismo, racismo, homofobia, transfobia e outros. Não é uma questão de escolha do professor. Esse discurso reacionário já impacta na realidade das escolas, mas o Judiciário já indicou a inconstitucionalidade da lei. O debate jurídico é fundamental, mas não é só isso, trata-se também de uma discussão educacional”, ponderou.
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