10/11/2011 - 11:20

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Oficial ameaçou de morte juíza Patrícia, diz promotor

O Dia

No primeiro dia de audiência do julgamento da morte da juíza Patrícia Acioli, a testemunha Paulo Roberto Cunha de Melo, promotor que trabalhava com Patrícia, afirmou nesta quarta-feira que a magistrada sabia que o tenente-coronel Cláudio Oliveira queria matá-la. Paulo contou que, em três ocasiões, ela foi alertada de que o ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) ordenaria sua execução. Em 6 dias de depoimento, cerca de 150 testemunhas de defesa e acusação serão ouvidas.
 
Segundo o promotor da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, a primeira ameaça foi relatada por policiais que faziam a escolta da magistrada. Patrícia foi informada de que o comentário no 7º BPM era que o tenente-coronel Cláudio teria arregimentado milicianos para matá-la.
 
Em um segundo momento, um inspetor informou à juíza que o ex-comandante conversava com milicianos da Zona Oeste do Rio para executá-la com tiros de fuzil. "Patrícia ficou receosa, mas o inspetor não colocou no papel, e ela não tomou providências", contou Paulo Roberto.
 
O terceiro aviso sobre a intenção do tenente-coronel partiu de um agente penitenciário. "Ela ficou preocupada porque as três denúncias diziam a mesma coisa e surgiram de fontes diferentes. Como as informações não estavam documentadas, ela achou que não seria responsável levar as ameaças para o Tribunal de Justiça", afirmou o promotor, primeira testemunha a depor.
 
Já a promotora Ana Beatriz, que trabalhou com Patrícia na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, afirmou que a magistrada comentou que o tenente-coronel estava "mandando recados a ela". De acordo com a promotora, a juíza não deixou claro se os "recados" seriam ameaças de morte.
 
Para o advogado da família da juíza Patrícia Acioli, Técio Lins e Silva, as provas contra os 11 PMs acusados pelo se assassinado são irrefutáveis. Ele afirma que, com a confissão de dois suspeitos, o crime foi esclarecido.
 
O namorado da juíza, Marcelo Poubel, disse que Patrícia tratou Jeferson de Araújo e Alex Ribeiro (acusados de assassiná-la) com piedade ao não decretar a prisão preventiva deles em processo que investigava mortes suspeitas por autos de resistência.
 
O julgamento continua na manhã desta sexta-feira. O ex-comandante da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, vai depor como testemunha de defesa do tenente-coronel Cláudio Oliveira. Semana que vem será a vez das 130 testemunhas de defesa e dos réus. O juiz Peterson Barroso Simão, da 3ª Vara Criminal de Niterói, deve proferir a sentença na 1ª semana de dezembro.
 
20 têm prisão decretada
 
A Auditoria da Justiça Militar decretou nesta quarta-feira a prisão de 20 policiais do 7º BPM (Alcântara) acusados de sequestrar e extorquir traficantes do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Entre os PMs está Jovanis Falcão Júnior, acusado de envolvimento na morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros em agosto quando chegava em casa em Piratininga, Niterói. Ele é um dos PMs do grupo que já estavam presos.
 
Segundo as investigações que levaram os PMs à prisão, os acusados foram flagrados em escutas telefônicas exigindo dinheiro de criminosos para evitar a repressão ao tráfico de drogas na área, avisando aos bandidos sobre as operações do 7º BPM e negociando pagamento para soltar presos em flagrante.
 
Parte dos agentes que tiveram a prisão decretada ontem integravam o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM, comandado pelo tenente Daniel Benitez, acusado de matar Patrícia. O cabo Jovanis e Carlos Adilio Maciel Santos, que é um dos PMs com prisão decretada ontem, são acusados de forjar auto de resistência quando morreu Diego de Souza Beliene em junho. A prisão deles pela morte de Diego foi o motivo do assassinato da juíza.
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