NOTA OFICIAL A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio de sua Diretoria de Igualdade Racial, da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil e da Comissão OAB Mulher – GT Mulheres Negras, vem a público repudiar veementemente evento realizado pela diretora da Vogue Brasil, cujos elementos remetiam ao Brasil Colonial e continham desde trono de candomblé, ou de sinhá, até mulheres negras caracterizadas de baianas, em posição de servidão em relação aos convidados, evocando a escravidão. A escravidão negra, assim como o Holocausto dos judeus, foram crimes horrendos contra a humanidade e retratá-los de modo festiva, cultuando-os de forma nostálgica, só demonstra o quanto o país precisa evoluir sobre o tema, com um aprofundamento do debate para que esses tempos sombrios nunca mais voltem a acontecer. Reiteramos a recusa do racismo em todas as suas formas de manifestações, o racismo estrutural, religioso e suas práticas relacionadas à subalternização e à invisibilidade da população negra, reproduzidos na temática da festa em questão. Nesse sentido, reiteramos a posição de combate ao racismo, que no presente episódio se revelou na sua face opressora, violenta e humilhante. Vale ressaltar que, em 2018, comemoramos os 130 anos da abolição da escravatura, infelizmente, inacabada, considerando-se as manifestações e consequências sintomáticas dessa mazela de nossa história. Passados 30 anos da aprovação da Constituição da República Federativa do Brasil, são de suma importância o reconhecimento e a proteção dos princípios constitucionais de dignidade da pessoa humana, da igualdade, da não discriminação, da proibição da prática de tortura e, sobretudo, a valorização da vida e dos corpos de negras e negros, com garantia da cidadania integral, para que possamos alcançar uma sociedade plena, justa, livre e democrática.