23/09/2015 - 15:38 | última atualização em 28/09/2015 - 15:32

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OAB/RJ homenageia Celso Soares por 50 anos de atuação na advocacia

redação da Tribuna do Advogado

Dignidade, liderança, coerência. Muitas foram as palavras citadas na tentativa de traduzir a importância de Celso Soares para advocacia e para a vida política do país, durante homenagem realizada nesta terça-feira, dia 22, na sede da OAB/RJ. Organizado pela Comissão da Justiça do Trabalho (CJT) da Seccional, o evento celebrou os 50 anos de advocacia de Soares, que, além de ter sido conselheiro seccional, presidiu o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e as associações carioca e brasileira dos advogados trabalhistas, Acat e Abrat, respectivamente. Durante a cerimônia, o homenageado foi agraciado com a Medalha Rui Barbosa, por serviços notáveis às causas do Direito e da advocacia.
 
"É um evento de emoção, carinho e respeito. Celso é um exemplo de luta pela democracia e pela aplicação da Constituição Federal. Este é um encontro pra renovar as baterias, para reforçar o quanto ele foi e é importante para nós e o quanto ainda esperamos dele, já que sabemos que Celso é um desses que ainda tem muito a contribuir com a advocacia e com o país", afirmou o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, na abertura da cerimônia.
 
Soares foi, também, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e vice-presidente do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco) da Faculdade Nacional de Direito durante a ditadura militar. Sua trajetória foi lembrada pelo presidente da CJT, Marcus Vinicius Cordeiro. "Sempre foi focado na luta contra injustiças e na melhoria de vida do povo, notadamente da classe trabalhadora. A OAB/RJ tem um imenso orgulho em ter Celso em nossas fileiras e de poder, hoje, homenageá-lo", discursou.
 
Os presidentes da Abrat e da Acat fizeram parte da mesa do evento e da homenagem. À frente da entidade nacional desde 2014, Sílvia Burmeister falou do convívio com Celso na Abrat e convidou o patrono da associação para entregar uma placa a Soares. O atual mandatário da Acat, Luiz André Vasserstein, ressaltou a dignidade com que o homenageado guiou sua carreira. "Foi fonte inspiradora de minha trajetória e levará minha gratidão eternamente", afirmou, antes de ler uma carta enviada por Celso Soares a um amigo em 1986.
 
O Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro, por meio de seu presidente, Álvaro Quintão, foi mais uma entidade a reverenciar o jurista durante a noite. Na ocasião, Quintão anunciou a entrega da comenda Resistência Cidadã, oferecida pelo Caco, para Soares. A cerimônia será em 12 de dezembro. "Indicamos o nome de Celso à sua revelia. Foi a melhor maneira que o sindicato achou para lembrá-lo, já que ninguém representa melhor a resistência cidadã do que ele", explicou. 
 
A vice-presidente do IAB e presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB/RJ, Rita Cortez, foi colega de militância de Soares no PCB. Ela destacou a quantidade de pessoas importantes em sua trajetória presentes ao encontro e afirmou se sentir em um túnel do tempo. "São 50 anos militando e nos dando consciência do papel do advogado. Em momentos difíceis como os que estamos vivendo, com falta de diálogo e discursos de ódio, precisamos de lideranças como você, Celso, que foi, é e sempre será uma referência para todos nós", destacou.
 
Colega de advocacia desde o início da carreira de Soares, Benedito Calheiros Bonfim foi mais um a exaltar o homenageado da noite. "Além de amigo, em todo o tempo que trabalhamos juntos Celso nunca deixou de ser esse grande tribuno e homem de palavra fácil e coerência política. Qualidades que faltam tanto aos atuais profissionais do Direito, que em grande parte só querem aparecer e ganhar dinheiro". Segundo Calheiros Bonfim, Celso Soares serve de exemplo a todos os advogados. "Sempre teve o interesse de servir ao país e à classe, Lutamos juntos pelos necessitados e pela classe trabalhadora. Celso deveria ser um modelos para todos os juristas", finalizou.
 
Em seguida, a ex-presidente da Abrat Moema Baptista comandou as homenagens de diversos colegas e amigos, incluindo diversos ex-presidentes da Abrat.
 
Muito aplaudido ao ser chamado à tribuna para discursar, Celso Soares iniciou sua fala fazendo um agradecimento especial à esposa e aos filhos "pela compreensão ante o fato de não ter sido tão presente na família". Em seguida, lembrou Benedito Calheiros Bonfim, Francisco Costa Neto e Eugênio Roberto Haddock Lobo como as figuras mais importantes para sua formação como advogado trabalhista. "Uma espécia de Santíssima Trindade da minha vida", disse.
 
Soares contou que não pensava em ser advogado. Segundo ele, sua paixão pela profissão começou em uma assembleia na União Nacional dos Estudantes (UNE), quando, em determinado momento, deram a palavra ao então presidente do Caco. "Ele incendiou a assembleia, e quando terminou eu pensei: descobri o meu lugar", explicou.
 
Após ser aprovado no vestibular e entrar para a Faculdade Nacional de Direito, Soares se torna representante de turma, diretor cultural e, finalmente, vice-presidente do Caco. "Viera à tona a atração pela política. Não essa política de barganha, de cargos, candidaturas financiadas por empresas interessadas em contratos com o governo, política essa executada por partidos que negam seus programas. Não essa política, mas a política voltada para os interesses fundamentais da sociedade. Influência de meus pais, um barbeiro e uma costureira, que me ensinaram o valor do conhecimento e da questão social", sublinhou.
 
Soares falou sobre o início de sua trajetória no Direito trabalhando com Modesto da Silveira, lembrou os tempos de advogado sindical, quando colaborou com as causas médicas e bancárias, e destacou a importância do questionamento. "A transformação social é impossível de ser alcançada sem espírito crítico. O conhecimento nasce da dúvida, nunca da certeza sobre tudo", finalizou.
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