24/06/2013 - 17:46 | última atualização em 25/06/2013 - 11:39

COMPARTILHE

OAB/RJ cria comitê misto de mobilização pela reforma política

redação da Tribuna do Advogado

A OAB/RJ sediou nesta segunda-feira, dia 24, um ato público que teve a participação de diversas entidades de classe, partidos políticos, centrais sindicais e representantes de movimentos sociais e do movimento estudantil pela reforma política. A principal decisão do ato, que teve a presença de cerca 600 pessoas, foi a criação de um comitê de mobilização pela reforma política, que será presidido pelo conselheiro federal Wadih Damous e terá sua sede na Seccional. 
 
"Este é um ato político, que pode ser desdobrar em muitos outros atos, em outros lugares e envolvendo mais entidades. Por isso, nós da advocacia criamos hoje um comitê de mobilização pela reforma política, para o qual indico Wadih Damous como coordenador. O comitê começa a trabalhar a partir de amanhã", anunciou Felipe.*
 
 
 
A reunião não ocorrerá nesta terça-feira
O financiamento público de campanha, além da transparência no uso dos recursos públicos foram temas debatidos pelos participantes, além da crise de representatividade dos partidos e da promoção de ações para resgatar o compromisso dos governos com a sociedade – pontos que também serão pautas de trabalho do comitê. O grupo será integrado por centrais sindicais, representantes do movimento estudantil, partidos políticos e por representantes da OAB/RJ. A iniciativa da entidade surgiu após as manifestações que tomaram as ruas do país nos últimos dias.
 
"Esse ato tinha a intenção de mobilizar e ouvir. Vivemos um momento de perplexidade em que todos devem ser ouvidos. Uma pena que algumas pessoas não querem ser ouvidas. Alguns políticos estão escondidos desde semana passada, aconselhados por seus gestores de imagem a não estar nas ruas para não sofrer críticas. Se os políticos fingirem que esse grito de alerta não é com eles, esse sentimento voltará no futuro, com ainda mais força", disse o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.
 
Para ele, enquanto alguns setores apostam na fúria das ruas, o momento pede que se aposte na esperança. "Semana passada, nossa preocupação foi com a liberdade de manifestação. Como entidade preocupada com a democracia, achamos que o momento é de esperança. Mas essa esperança só irá se concretizar através do compromisso com a democracia. Agradecemos a presença dos partidos políticos, que são fundamentais inclusive para garantir a voz das ruas", acrescentou. 
 
A violência da polícia contra manifestantes e de alguns desses contra integrantes de partidos foi lembrada por Felipe como ponto negativo das passeatas. Ele ressaltou, ainda, o trabalho realizado por mais de cem advogados para impedir prisões arbitrárias, coordenado pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da entidade.
 
Representantes de partidos políticos - todas as legendas foram convidadas - que participaram do ato conclamaram as organizações à união em torno do debate sobre a reforma política. Para o presidente estadual do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), Cyro Garcia, as ações integradas da sociedade civil são fundamentais para o início da reforma política.
 
"Temos uma oportunidade de resgatar esse debate sobre a reforma política, assunto que durante muito tempo ficou esquecido. E não é apenas uma causa que nós estamos debatendo aqui hoje. São milhares de minorias e anseios populares que estão em jogo. Somente essas ações podem esclarecer de que maneira queremos o nosso país no futuro. Nosso partido tem propostas para a reforma política, defendemos o fim do voto obrigatório, a revogabilidade de mandato, a igualdade de tempo na propaganda eleitoral, o fim do coeficiente eleitoral e outros pontos", disse Garcia.
 
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) apontou a necessidade da defesa da democracia como ponto central, e também fez críticas à violência dirigida contra os militantes partidários em algumas manifestações na semana passada. "A OAB/RJ segue resgatando sua tradição democrática e dá o grito na hora certa. O bem maior da sociedade brasileira é a bandeira da democracia, a bandeira da liberdade. Fiquei triste em ver os ataques a militantes de partidos nas manifestações, seria muito negativo imaginar que os partidos não podem fazer parte da democracia. Por outro lado, ninguém deve tutelar os movimentos", ponderou a deputada.
 
O deputado estadual Robson Leite (PT/RJ) criticou o financiamento privado. "Acredito que a reforma política deve ser inserida o mais rápido possível nas legitimas e importantes manifestações que têm acontecido no Brasil. O financiamento privado de campanha é pai e mãe da corrupção em nosso país. Empresário não faz doação para campanha, faz investimento e quer ter retorno, cujo efeito gera os principais problemas que as cidades enfrentam hoje", completou Leite.
 
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal, Wadih destacou que a ocupação das ruas não é ameaça, mas fortalecimento da democracia. Segundo ele, o que existe é uma crise do modelo representativo."O povo não está se sentindo partícipe da construção democrática. A participação popular não pode se resumir a votar e voltar pra casa", argumentou.
 
A mesa foi composta por Felipe, Wadih, pelo secretário geral da Seccional, Marcus Vinícius Cordeiro, além de representantes de algumas das entidades presentes, como a presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), Márcia Rosa; o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (CAU/RJ), Sidney Menezes; o representante do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira Leonardo Guimarães; o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/RJ), Maurício Ramos; o representante do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (Senge/RJ) José Stelbento Soares; e o vice-presidente da Associação Brasileira de Educação (ABE), João Pessoa de Albuquerque.
 
Abrir WhatsApp