Os advogados que militam na comarca de Queimados sofrem há tempos com as precárias condições de trabalho no município. Faltam juízes e serventuários, o fórum local não dispõe de ar condicionado e os equipamentos do tribunal estão sucateados. Em uma tentativa de reverter esse quadro, a subseção local organizou, na última quinta-feira, dia 25, em frente ao fórum da cidade, um ato público a fim de denunciar o quadro caótico. "Temos muitos problemas por aqui e o TJ [Tribunal de Justiça] não olha por nós. Em nossa comarca temos apenas um magistrado, que acumula diversas funções", reclamou o presidente da OAB/Queimados, José Bôfim. A juíza citada por ele é Isabel Teresa Pinto Coelho, que acumula a função no Juizado Especial Cível (JEC), nas 1ª e 2ª varas cíveis e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), além de ser, também, diretora do Fórum de Queimados. Bôfim faz questão de isentar a juíza. Segundo ele, é humanamente impossível uma pessoa apenas dar conta de todo o trabalho. "Falta material humano, não apenas espaços físicos. Só no JEC são mais de 20 mil processos. Nossas reivindicações melhorariam o cotidiano profissional de todos", afirmou. A manifestação reuniu cerca de 30 advogados, entre eles toda a diretoria da subseção. Durante o encontro, assinaturas de colegas eram recolhidas em um documento com quatro reivindicações objetivas: a designação de juiz titular para as varas de Família e Criminal, designação de juiz substituto para a 2º Vara Cível, cuja magistrada encontra-se em licença maternidade, nomeação de serventuários para as varas cíveis, direção do fórum, distribuidor e JEC e a desvinculação do Juizado Especial Adjunto Cível das varas cíveis, com designação de juiz titular. Outro pedido foi em relação aos investimentos em tecnologia, uma vez que o processo eletrônico não chegou ao município e as instalações de internet não são confiáveis. "O PJe está longe de ser realidade aqui. Recentemente ficamos oito dias sem acesso à internet no fórum", revelou um funcionário da OAB/Queimados. Bôfim reclamou, também, de uma reunião entre os dirigentes das subseções de Queimados, São João de Meriti e Rio das Ostras com o presidente do TJ, Luiz Fernando de Carvalho, que aconteceria em 25 de agosto. Segundo ele, o encontro foi cancelado a dez minutos da hora marcada para seu início, quando os representantes da Ordem já se encontravam no tribunal. "Foi um desrespeito e impediu que levássemos nossos pedidos à diretoria da corte", contou. Caso não tenha suas reivindicações atendidas, a diretoria estuda a possibilidade de recorrer ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Queimados é uma vergonha se comparada a outras comarcas. Enquanto isso, vemos instalações suntuosas no TJ. Estamos em uma missão a favor de nossa profissão e talvez o jeito seja pedir por nossos direitos em Brasília", finalizou o Bôfim.