No combate à criminalidade, o uso da tecnologia. Idealizado pela Comissão Especial de Segurança Pública da Subseção da Barra da Tijuca, o aplicativo "Vigias do bairro" promete ajudar na redução dos índices de violência da região. A ideia é, a partir de dados fornecidos pelos próprios moradores, mapear as áreas com maior incidência de ocorrências, facilitando o policiamento. "Nossa proposta é fazer as pessoas participarem mais do debate sobre segurança. Precisamos tomar partido e alimentar as autoridades com informação. Os dados vão servir como um termômetro do que a população tem sentido em relação à violência", explica o advogado Rafael Kullmann, presidente da comissão responsável pelo projeto. Até outubro de 2015, segundo os números do Instituto de Segurança Pública (ISP), a área do 31º BPM (Barra da Tijuca) foi palco de 1.427 roubos de rua - a soma dos roubos a pedestres, em ônibus e de celular. Embora a estatística esteja praticamente estável em relação ao ano anterior, o índice representa, em média, quase cinco casos do tipo por dia, conta mais que suficiente para deixar os moradores apreensivos. "De maneira geral, todos temos a sensação de que a criminalidade real é até maior do que a aparente, medida pelos números. O aplicativo vai ajudar a mensurar isso", acrescenta Rafael. Através da ferramenta, os usuários vão informar o tipo de crime de que foram vítimas ou presenciaram e a localização exata, gerando um mapa com todos os casos. Os idealizadores do "Vigias do bairro", porém, fazem questão de frisar que o objetivo não é substituir o registro de ocorrência feito nas delegacias, tampouco o contato com o 190 no caso de emergências. Mensalmente, durante as reuniões do Conselho Comunitário de Segurança da região, os dados colhidos pelo aplicativo serão repassados às autoridades de segurança, incluindo o comandante do 31º BPM: "Acho uma iniciativa positiva, desde que utilizada com responsabilidade. A chancela da OAB ajuda nesse sentido, pois inibe a falsa comunicação", afirma o coronel Sergio Schalioni. O lançamento oficial do aplicativo acontece nesta quinta-feira, às 17h30m, no auditório da sede da seccional Barra da OAB-Rio (Avenida das Américas, 3959 - loja 222). O "Vigias do bairro" estará disponível para download na App Store para iPhones, no Google Play e para os aparelhos com Windows Phone. Haverá, ainda, uma versão web. Entrevista com o advogado Rafael Kullmann Como surgiu a ideia do aplicativo? Ele começou a ser desenvolvido há cerca de três meses, a partir de discussões internas nossas. Contamos ainda com a parceria com a empresa MXM Sistema, que topou entrar no projeto sem cobrar nada. Pedimos apenas que fosse o mais intuitivo possível, com comandos feitos de maneira quase natural. E qual o principal objetivo? A proposta não é servir como índice oficial, ou ser o pontapé inicial de uma investigação. É importante frisar isso. Acima de tudo, a intenção é estimular a população a sair da inércia quando o assunto é segurança pública, e transformar essa participação em um hábito. Iniciativas semelhantes seriam bem-vindas? Eu acredito que seria interessante, por exemplo, que a Secretaria de Segurança desenvolvesse uma forma de você fazer todo o registro de ocorrência virtualmente. Hoje, você faz no máximo uma espécie de agendamento. Daria trabalho, claro, mas é viável. Se até declaração de Imposto de Renda a gente faz pela internet, algo que pode resultar até em processo criminal, por que não o registro?