23/07/2012 - 18:36

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Morre Aloísio Teixeira, ex-reitor da UFRJ

site do jornal O Globo

Faleceu na manhã desta segunda-feira, vítima de um ataque cardíaco, o ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Aloísio Teixeira, aos 67 anos. Ele passou mal em casa e chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu. Teixeira era professor titular do Instituto de Economia da instituição, onde ingressou em 1981, e exerceu o cargo de dirigente máximo da instituição entre 2003 e 2011. O corpo foi velado até as 18h no átrio do Fórum de Ciência e Cultura, no Palácio Universitário da Praia Vermelha. A cremação será realizada nesta terça-feira, às 10h30, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
 
Políticos e acadêmicos manifestaram pesar pela morte do ex-reitor. A presidente Dilma Rousseff divulgou uma nota lamentando a perda de um importante pensador e colaborador da educação no país:
 
"Um brasileiro que abraçou a educação como grande instrumento de transformação da sociedade e fez do exercício de educar um compromisso de vida, como mostrou seu trabalho à frente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lamento profundamente sua morte e associo o meu pesar ao dos seus familiares, colegas e alunos" disse Dilma.
 
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também comentou o falecimento. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa do MEC, ele disse que "o mundo acadêmico brasileiro ficou mais pobre. Aloisio Teixeira fará falta para a UFRJ e para a pesquisa brasileira".
 
Em outra nota de pesar, o atual reitor Carlos Levi disse que “o professor Aloísio imprimiu à UFRJ a marca do diálogo, da preocupação com o acesso universal ao Ensino Superior e, sobretudo, da reflexão, características de sua longa trajetória na administração pública e no ensino. Para ele, as Ciências Humanas e Sociais deveriam ter a centralidade no processo de reestruturação da Universidade, instituição indispensável para a construção de um projeto nacional sólido para a nação”. Levi foi pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da universidade durante a gestão de Teixeira.
 
Filho do Brigadeiro Francisco Teixeira, subchefe do Estado Maior das Forças Armadas durante do governo João Goulart e um dos principais opositores militares ao Golpe de 1964, o professor se formou na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro em 1978. Cinco anos depois, obteve o título de mestre pela UFRJ. Ele concluiu o doutorado em 1993, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação da professora Maria da Conceição Tavares.
 
Em sua trajetória como economista e administrador público, antes de ocupar o posto de reitor, Aloísio Teixeira foi diretor de planejamento da FINEP, superintendente da SUNAB e esteve à frente do Conselho Interministerial de Preços e da Secretaria Especial de Abastecimento e Preços, no Ministério da Fazenda, na época do congelamento de preços. Teixeira foi ainda secretário-geral do Ministério da Previdência e Assistência Social e diretor de administração da Embratel.
 
Na vida acadêmica, Teixeira foi protagonista de um dos episódios mais polêmicos da história da UFRJ. Em 1998, foi o mais votado na eleição para reitor da instituição, mas o então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, decidiu nomear o terceiro colocado no pleito para o cargo, José Henrique Vilhena. A indicação iniciou um grande conflito interno na instituição, com a ocupação do prédio da reitoria e conflitos constantes entre Vilhena e os estudantes.
 
Em 2003, um ano após tomar posse, Carlos Lessa renunciou ao cargo de reitor para assumir a Presidência do BNDES, no início do primeiro mandato do presidente Lula. Uma nova eleição foi realizada e Aloísio Teixeira saiu vitorioso. Desta vez, o ministro da Educação na época, Cristovam Buarque, optou por seguir a indicação da instituição.
 
Pelo trabalho na reitoria da universidade, o economista conquistou o Prêmio Faz Diferença 2003, oferecido pelo jornal O GLOBO, na categoria Megazine. Na ocasião, Carlos Lessa elogiou o sucessor: "Tudo o que o Aloísio ganhar é merecido. É um belo economista, um belo professor, um bom dirigente universitário e um bom brasileiro".
 
A sua gestão à frente da UFRJ foi marcada pelo alinhamento junto ao Ministério da Educação (MEC) dos anos Lula. Nos seus mandatos, a universidade aderiu ao Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e aprovou substituição do vestibular próprio pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do MEC. Entre suas principais conquistas, estão a recuperação da posse do terreno onde funcionava o Canecão e um bingo, em Botafogo, e a criação de um Plano Diretor com metas até 2020.
 
Teixeira deixa a esposa, a economista Beatriz Azeredo, cinco filhos e quatro netos.
 
 
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