12/09/2018 - 15:49 | última atualização em 12/09/2018 - 16:23

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Moradores relatam abordagens nas favelas após a intervenção

redação da Tribuna do Advogado

           Foto: Lula Aparício  |   Clique para ampliar
 
Nádia Mendes
Em maio deste ano, um morador do morro Pavão Pavãozinho foi acordado às 7 da manhã não pelo choro de sua filha de oito meses, mas por dez policiais militares que batiam em sua porta com um fuzil. Estudante de Direito, o morador negou que os policiais entrassem em sua casa se não mostrassem um mandado. "Meu devido mandado é o fuzil", respondeu um dos policiais, obrigando o morador a abrir a porta e ter a intimidade e a casa revistados. 
 
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Esse foi apenas um dos relatos de abordagem policial abusiva que moradores de favelas do Rio de Janeiro trouxeram à OAB/RJ na manhã desta quarta-feira, dia 12. A reunião, organizada pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB/RJ, é fruto de um trabalho que o grupo realiza com coletivos que atuam nas comunidades do Rio de Janeiro. "Em razão da intervenção federal, que está completando sete meses, intensificamos esse debate. Ao final dessa reunião, produziremos um relatório com as impressões dos moradores que estão aqui e encaminharemos para o Conselho Seccional", disse o presidente da comissão, Marcelo Chalréo.
 
Representando a Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Cátia Lopes destacou o absurdo das violações dos direitos da população dentro das comunidades. "Há dois mundos: o do asfalto e o da comunidade. E nas favelas é uma cidade sem lei. A Faferj tem ouvido a população nas comunidades após a intervenção e aqui é o momento de cada um que se sentiu violado relatar. Se a gente não falar, as coisas continuarão acontecendo", afirmou. 
 
Foto: Lula Aparício |   Clique para ampliar
O diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB/RJ, Aderson Bussinger, também ressaltou a necessidade de denúncia. "As forças policiais atuam nas favelas do Rio de Janeiro de maneira que para eles não existe Constituição Federal, Código Penal ou qualquer outra lei que não seja o "mandado do fuzil". Eles dividem a população entre aqueles que merecem direitos e os que merecem fuzil", disse.
 
O evento está disponível no Canal da OAB/RJ no Youtube.
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