13/08/2013 - 09:36

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'Minha sentença estava escrita antes do julgamento'

jornal O Globo

Baltasar Garzón parece ter canalizado a hiperatividade que marcou sua trajetória de mais de três décadas como juiz na Espanha para a atual fase de advogado e ativista político. Conjuga, por exemplo, a defesa de Julian Assange e do WikiLeaks com a articulação da Convocatória Cívica, plataforma voltada para um maior envolvimento popular na política espanhola, e frequentes viagens à América Latina para participar de projetos de defesa dos direitos humanos.
 
 
Entrevista
Garzón fez História ao se valer do princípio da jurisdição universal para emitir, em 1998, uma ordem de prisão contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet devido aos crimes cometidos durante o regime de exceção. Mas se viu obrigado a deixar a magistratura em fevereiro de 2012, quando foi condenado a ficar longe da atividade por 11 anos sob acusação de grampear ilegalmente conversas entre advogados e presos pelo caso Gürtel, milionário esquema de corrupção dentro do Partido Popular (PP) e do qual até o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, teria se beneficiado. Garzón dera início à investigação em 2009.
 
O momento atual de Garzón, de 57 anos, não deixa de ser uma continuação de seu período como juiz. Em palestra ontem no auditório da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, na capital fluminense, protestou contra a Justiça "discretamente incapaz" a que busca, sem alarde, manter os privilégios de uma minoria e "asséptica" distante da sociedade.
 
A imagem da Justiça é a mais aberrante que se pode ter, apesar de nos representar. Os juizes têm que equilibrar a balança, principalmente quando se fala de crimes sistêmicos ou que prejudicam muita gente defendeu durante sua fala, pouco antes da entrevista ao jornal O Globo. "O Poder Judiciário é um poder político. Caso contrário, não serve para a sociedade. É preciso ter ideologia".
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