11/08/2014 - 16:42

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Militante foi morto em hospital do Exército, diz Comissão da Verdade

redação da Tribuna do Advogado

A Comissão da Verdade do Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira (11) ter constatado a tortura e morte do preso político Raul Amaro Nin Ferreira durante o regime militar. Segundo relatório feito por familiares da vítima, em parceria com o projeto Armazém Memória, Amaro foi espancado em três oportunidades, das quais duas dentro do HCE (Hospital Central do Exército), onde morreu. Esse é o primeiro caso que se tem notícia de tortura ocorrida nas dependências do hospital.
 
A última delas ocorreu no dia 11 de agosto de 1971, quando a vítima chegou a pedir a um enfermeiro, de acordo com o relatório, que a retirasse "desse horror". "Esse relato não é de alguém que está sendo tratado em um hospital", afirmou o sobrinho da vítima, Felipe Nin, um dos responsáveis pela investigação dos fatos. As lesões que provocaram a morte de Amaro foram "oriundas de um processo de sofrimento físico", de acordo com laudo do médico-legista Nelson Massini.
 
Amaro era engenheiro mecânico e militava contra o regime militar na década de 70, quando foi capturado em uma blitz no bairro das Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, no dia 1º de agosto de 1971. As primeiras agressões ocorreram nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna). Na época, o Exército argumentou que as lesões eram decorrentes de uma briga seguida de resistência à prisão.
 
No entanto, relato do soldado Marco Aurélio Magalhães, que presenciou a primeira sessão de tortura, indica que Amaro foi brutalmente espancado a golpes de coturno. No dia 4 de agosto, o militante foi levado para o Hospital Central do Exército, já com várias lesões graves, de acordo com o relatório.
Análise técnica do médico-legista Nelson Massini indicam que, entre os dias 6 e 7, Amaro foi novamente espancado durante interrogatório dentro do HCE. A última sessão de tortura ocorreria no dia 11 de agosto, também dentro do hospital. A morte oficial de Amaro foi comunicada oficialmente aos familiares no dia 12 de agosto.
 
"Nós temos certeza que essa vítima foi torturada e morta dentro de uma instalação do Exército. Não iríamos realizar essa audiência se qualquer dúvida pairasse sobre isso", afirmou a presidente da CEV-Rio, Nadine Borges
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