27/08/2013 - 15:47 | última atualização em 27/08/2013 - 19:06

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'Meu filho morreu e virei uma mulher desaparecida', relata mãe de vítima

redação da Tribuna do Advogado

Morto em 1995, aos 25 anos, com um tiro na cabeça, ao tentar evitar que um policial invadisse a casa de sua sogra, no Morro do Salgueiro, sem um mandado de busca, Márcio Otávio foi mais uma vítima da política de segurança pública do Rio de Janeiro. Hoje, 18 anos depois, sua mãe, Regina Célia, esteve na sede da OAB/RJ para acompanhar o lançamento da campanha Desaparecidos da democracia.
 
Meu filho morreu no meio da tarde de 1º de novembro de 1995. Sou, desde então, assim como tantas outras, uma mulher desaparecida
Célia Regina
mãe de menino assassinado
Visivelmente emocionada e emocionando toda a plateia, Regina relatou o ocorrido com o filho e se solidarizou com outras mães de filhos desaparecidos ou assassinados presentes ao evento. "Meu filho morreu no meio da tarde de 1º de novembro de 1995. Sou, desde então, assim como tantas outras, uma mulher desaparecida", disse. Márcio foi morto à época da chamada gratificação faroeste, remuneração instituída pelo então secretário estadual de segurança do governo Marcelo Alencar, general Nilton Cerqueira, que premiava policiais por mortes de supostos bandidos.
 
Após a morte do filho, Regina passou a tentar provar que Márcio fora assassinado, e não morto em uma troca de tiros, como registraram os policiais. Ela contou que neste período, ameaçados por policiais encapuzados, os familiares de Márcio tiveram que se mudar do Morro do Salgueiro.
 
A criação da campanha, de acordo com Regina, motiva todas as pessoas envolvidas em dramas similares e fortalece o papel da Seccional diante da população. "Fico particularmente sensibilizada em saber que posso contar com a OAB. Peço que todos torçam para que tenhamos sucesso em nossa luta", afirmou.
 
Regina citou outras dificuldades, como o desamparo do Estado. "O governo reluta em dar certidões de óbito e desaparecimento. Nem a nossa dignidade é respeitada. A única solução é insistirmos na luta por nossos direitos", concluiu.
 
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