14/12/2011 - 17:39

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Memórias dos anos de chumbo marcam lançamento de livro

redação da Tribuna do Advogado

“Há 43 anos, um triste capítulo da nossa História estava sendo escrito”, lembrou a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Margarida Pressburger, ao apontar que no mesmo dia do lançamento de Desafia o Nosso Peito, livro de Adail Ivan de Lemos sobre o período da ditadura militar no Brasil, 13 de dezembro, era assinado, em 1968, o Ato Institucional nº 5 (AI-5), um dos marcos mais severos do regime.
 
“Somos todos sobreviventes desta data”, completou, frisando a importância do resgate proposto pela obra, em época de criação da Comissão da Verdade, que investigará violações aos direitos humanos cometidas no país entre os anos de 1946 e 1988.
 
A lembrança dos “anos de chumbo”, como não poderia deixar de ser, pautou todo o evento, realizado na sede da Seccional, e o depoimento do coordenador do grupo Rede Democrática e ex-comandante da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Eugênio Clemente, emocionou o público.
 
“No nosso país se tortura desde 1500. Nós temos uma questão a ser resolvida com o povo brasileiro, que sofre com essa mazela até hoje. E os relatos encontrados no livro de Adail proporcionarão uma reflexão nesse sentido”, disse Clemente.
 
Co-produtor do livro, Antonio Duarte dos Santos criticou a impunidade aos agentes que praticaram crimes na época: “Muitos daqueles criminosos hoje estão em postos importantes e são contra a Comissão, porque eles têm medo da verdade”. Segundo ele, a obra servirá como uma “lição histórica” para as novas gerações. “Daqui a dez anos, muitos de nós, que vivemos esse período, não estaremos mais aqui. Restarão nossos relatos, importantes peças que não deixarão que os mais novos desconheçam o que aconteceu em nossa História”.
 
“Até hoje não se sabe tudo que aconteceu na Guerra do Paraguai, por exemplo, porque os arquivos são secretos. Mas, com o mundo moderno, isso não tem mais cabimento. Uma das motivações para esse livro foi quebrar esse pacto de silêncio”, afirmou o autor.
 
Publicado pela Editora Conseqüência, o livro tem prefácio do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e apresentação do advogado Modesto da Silveira, que presidiu a mesa do lançamento.
 
O evento, que contou com a presença de representantes de grupos como o Coletivo Memória, Verdade e Justiça e militantes dos direitos humanos como a advogada Dirce Drach, teve também com a participação do presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Fernando Fragoso, do advogado Sérgio Muylaert e do vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Marcelo Chalréo.
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