A alguns dias de completar 95 anos, a médica Maria Augusta Tibiriçá Miranda confessou, ao receber a Medalha Chico Mendes de Resistência, que "roubaria" uma frase do jornalista Barbosa Lima Sobrinho (falecido aos 103 anos), ativista das liberdades democráticas como ela, para reafirmar seu compromisso com o país: "Enquanto me restarem lucidez e vida, estarei lutando". Maria Augusta foi a primeira dos 10 agraciados na cerimônia realizada na noite de segunda-feira, dia 2, pelo grupo Tortura Nunca Mais, que há 24 anos concede a honraria a pessoas e entidades que se destacam na luta pela democracia, sempre na data mais próxima em que se completa aniversário do golpe militar de 1964. A medalha foi entregue pela presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB/RJ, Margarida Pressburger. Este ano, a homenagem foi dedicada à comunidade de Pinheirinho (SP), onde 1.600 famílias foram violentamente expulsas pela Polícia Militar, em janeiro passado. Mais de 300 pessoas ocuparam o salão do 9º andar da Seccional para prestigiar a homenagem. Além de Maria Augusta, que destacou a importância de todos se unirem para "construir um Brasil melhor, sem outros 1964", também receberam condecorações Belisário dos Santos Júnior, Deize Silva de Carvalho, Gabriel Sales Pimenta (in memorian), Márcia Helena Honorato, Mário Augusto Jakobskind, Moema Eulália Toscano, Maria Célia Corrêa (in memorian) e Oswaldo Orlando da Costa (in memorian). A entrega da Medalha Chico Mendes de Resistência conta com o apoio, além da OAB/RJ, da Associação Brasileira de Imprensa, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, do Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional, da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia, do Comitê Chico Mendes, do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra, do jornal A Nova Democracia, do Partido Comunista Brasileiro e da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência.