06/11/2014 - 11:15

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Maré: líderes comunitários denunciam Exército

jornal O Dia

Agressões, torturas, abuso de poder, invasão de residências sem mandado, humilhações, xingamentos e toque de recolher. Práticas que não combinam com um militar do Exército foram denunciadas ontem por lideranças comunitárias da Maré - conjunto de favelas ocupado desde abril pela Força de Pacificação, que prometeu investigar caso a caso na 21ª DP (Bonsucesso) e na Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).
 
O encontro de 16 representantes de associações de moradores foi organizado pelo Observatório de Favelas e pela ONG Redes da Maré. As lideranças pediram um encontro com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, mas ainda não foram atendidos. Eles relataram, inclusive, torturas que incluem passagens pelo Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). De acordo com a ONG, 12 pessoas foram mortas na Maré desde março e outras 16 no entorno.
 
Um dos relatos é do jardineiro Adalberto Monteiro, de 29 anos, que mora na localidade Bento Ribeiro Dantas. "No dia 9 de julho, estava com um amigo, e soldados chegaram nos chutando. Questionei: 'Isso é jeito de abordar?'. Jogaram spray de pimenta no meu rosto e deram um tiro de bala de borracha no meu amigo. Passei a noite num contêiner do CPOR. Assinei uma folha indicando que fui preso por desacato", desabafou o rapaz que ficou dois dias preso em Bangu 10.
 
O caso mais recente é do entregador Roberto da Nóbrega, de 31, e de seu irmão Wagner da Nóbrega, de 23, que moram na Vila do Pinheiro. No dia 12 de outubro, eles estavam em uma moto e foram abortados por soldados após o veículo parar. "Eles começaram perguntando da moto e falaram que iam passar por cima. Um soldado me disse: 'Cala boca, negão'. Além do abuso, sofri racismo. Fiz queixa", contou. O caso, segundo Roberto, foi encaminhado para o Ministério Público.
 
O filho de 17 anos da copeira Angélica Moreira de Jesus, 35, do Conjunto Esperança, foi abordado e agredido por soldados há dois meses. "Meu grito hoje aqui é de desespero", relatou Angélica.
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