08/09/2015 - 12:06 | última atualização em 08/09/2015 - 12:17

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Mar revolto - Antonio José Barbosa da Silva

jornal O Fluminense

A independência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário é essencial para a democracia. Caso um deles fique fraco, a democracia será tudo menos a idealizada por Montesquieu.
 
Infelizmente, as coisas não andam assim no país, basta ver as posições dos três poderes. Há  uma briga de ego, cada um querendo mostrar mais força. O Judiciário quer assumir o papel de legislador, o Executivo,  impor sempre sua vontade e o Legislativo, castrar o poder dos outros dois.
 
Numa democracia os poderes têm de funcionar de maneira harmônica sem que um queira ser maior ou menor do que o outro. Mas a realidade de hoje mostra o oposto. Cada um dos três poderes deseja passar a imagem de mais poderoso.
 
É lamentável, sobretudo numa época em que o Brasil passa por uma situação econômica das mais graves, que já atinge com intensidade os meios de produção e o "status quo" financeiro do povo que, a cada dia, vê a "gaita" ficar mais curta para pagar as contas no final do mês e sobrar algum para despesas necessárias à sobrevivência da família.
 
Pelo barulho dos motores, a boa convivência desse tripé está descendo a ladeira. O que é péssimo para a democracia e o Brasil, a não ser para os que convivem com certas ideologias já sepultadas por esse mundo afora.
 
Os três poderes da República têm de pensar de uma maneira coesa a fim de caminhar para o fortalecimento da democracia preconizada por Montesquieu. A situação do país está crítica e, no atual contexto, não cabe colocar no cardápio a ideologia, a frustração, o salve-se quem puder e o quanto pior, melhor.
 
Há necessidade de pôr em relevo a esperança e a união por dias melhores para livrar a sombra desse polvo chamado de inflação que, com seus imensos tentáculos, acaba se enroscando e sufocando a parte mais fraca, que é o povo. Essa falta de harmonia torna o Brasil adrenalina pura.
 
É preciso que os poderes substituam o egoísmo e o individualismo gerados pelos egos de quem manda mais  pelo coletivo, para demonstrar ao cidadão que esse é o caminho mais certo a fim de tirar o pais da enfermidade (quase UTI) e colocá-lo novamente no pódio. Somente assim a pátria voltará a crescer e melhorar as  condições de vida não só dos menos favorecidos (quem sempre paga o pato) como de todos os integrantes de outras camadas sociais.
 
Em resumo, estará a nação voltada com ênfase para o crescimento econômico e o fortalecimento da cidadania, como fazem guerreiros do amor ao próximo e  dos desassistidos.
 
Espera-se uma revisão de posições dos três poderes para que entrem de corpo e alma nesse trabalho hercúleo de soerguimento econômico e financeiro do país. O caminha a seguir é trocar o individual pelo coletivo através de união de todos, com amor e garra, deixando de lado o ego.
 
Atualmente, observa-se, como bem salientou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, em palestra na OAB/Niterói, que cada um hoje tem pensado muito mais em si do que nos outros. Citou que o pessoal do asfalto não toma conhecimento do que ocorre nos morros e não quer nem saber.
 
 As pessoas estão, portanto,  menos abertas ao convívio com as outras e esse comportamento egoísta faz com que nossos cidadãos vivam isolados, e que a pobreza, a violência e a ignorância aumentem. A solidariedade deve ser um item obrigatório nas ações governamentais.
 
Joguem na lixeira o egoísmo e a tal da média para agradar mais a gregos do que troianos, porque acima de tudo está o Brasil grande. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário devem seguir o que preconiza a Constituição e não, cada uma deles, ficar procurando vírgulas para "furar" o texto-maior ou mesmo leis já aprovadas e sancionadas. Elas não podem ser transformadas em colcha de retalhos, gerando insegurança jurídica, verdadeiro rastilho de pólvora na situação atual.
 
*Antonio José Barbosa da Silva é presidente da OAB/Niterói.
Artigo publicado no jornal O Fluminense, no dia 4 de setembro de 2015.
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