24/04/2014 - 11:11 | última atualização em 28/04/2014 - 15:04

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Mãe de dançarino denuncia tortura policial. OAB/RJ acompanha o caso

site UOL e redação da Tribuna do Advogado

A mãe de Douglas Rafael da Silva Pereira, 26, o dançarino DG do programa Esquenta da TV Globo, encontrado morto na terça-feira, dia 22, em uma escola municipal no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, afirmou na manhã desta quarta-feira, dia 23, que tem certeza de que ele foi torturado por policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) instalada na comunidade e declarou que vai processar o Estado pela morte do filho. "A UPP é uma farsa, uma mentira", disse a enfermeira Maria de Fátima Silva, 56, enquanto esperava para prestar depoimento na 13ª DP (Copacabana).  Integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Rodrigo Mondego, acompanhou o depoimento.
 
A UPP é uma farsa, uma mentira
Maria de Fátima Silva
Mãe do dançarino DG
Maria de Fátima chegou à delegacia às 10h45 levando um documento obtido no IML (Instituto Médico Legal) na noite de terça, que aponta uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax" como causa da morte. De acordo com o documento, Douglas foi vítima de uma "ação pérfuro-contundente". 
 
"Ele não morreu de queda, como disse a polícia. Foi alguma coisa pontiaguda. Eu fiquei com o corpo do meu filho até as 3h30 da madrugada e vi que ele tem um afundamento no crânio, um corte no supercílio e está com o nariz roxo. Eu acredito que mataram ele. Tenho certeza que ele foi torturado pelos policiais da UPP", disse a enfermeira. De acordo com Maria de Fátima, a ex-namorada de Douglas, com quem ele teve uma filha, que tem 4 anos, viu o corpo do dançarino ainda na escola. "Ela contou que ele estava em posição de defesa. Tiraram fotos do local e tinha marcas de sangue na parede", relatou.
 
Pouco antes do meio-dia, Maria de Fátima começou a prestar depoimento, acompanhada do advogado Rodrigo Mondego, que é integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ. Mondego é presença habitual nos protestos que ocorrem constantemente na cidade desde junho do ano passado. Na noite de terça-feira, depois do protesto que resultou na morte de outro homem, ela foi à delegacia outras duas vezes, mas foi orientada por um inspetor a voltar para prestar depoimento hoje. "Me disseram para cuidar do corpo dele e voltar hoje de manhã", disse. Nenhum policial civil da 13ª DP atendeu a imprensa. Procurada pela reportagem no início da manhã, a assessoria da Polícia Civil não havia se manifestado até o meio-dia desta quarta-feira.
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