Ambientado na década de 70, em plena ditadura militar, o romance K., de Bernardo Kucinski, é o relato de um pai em desesperada busca por sua filha desaparecida. O livro, lançado na última quinta-feira, dia 28, na OAB/RJ, foi inspirado na história de Ana Kucinski, irmã do autor e militante política, que foi sequestrada, torturada e morta pelos órgãos de repressão. Para Bernardo, existe um simbolismo no evento realizado na Seccional. "O momento se encaixa perfeitamente com a mudança de postura de parte da sociedade em relação aos crimes hediondos acontecidos na época", disse. Ao mesmo tempo em que exigiu do autor alguns anos para obter um necessário distanciamento, o pano de fundo real tornou o desenvolvimento mais dinâmico. "Foi um processo muito pessoal e senti finalmente que era hora de escrever. Uma vez iniciado, foram três ou quatro meses de trabalho. Quase um surto literário", contou. Ao lançamento, se seguiu um debate sobre o direito à Justiça e à Memória. Moderada pelo ex-preso político Luiz Rodolfo Viveiros de Castro, a mesa contou com as participações, além de Bernardo, do vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Marcelo Chalréo, e da representante do Levante Popular da Juventude, Carolina Dias. Estiveram presentes, também, representantes do Coletivo Memória, Verdade e Justiça e do Movimento Tortura Nunca Mais.