12/06/2013 - 10:13 | última atualização em 12/06/2013 - 16:59

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Juiz veta decote e exige higiene em fórum de SP

jornal O Estado de S. Paulo

Quem precisar resolver pendências judiciais no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo, a partir de amanhã, vai ter de pensar bem antes de abrir o guarda-roupa. Portaria assinada pelo juiz Maurício Campos Velho, diretor da unidade, veta o uso de regatas, shorts, camiseta de gola "v", boné, saias curtas e blusas transparentes, com decotes profundos ou tomara que caia. A justificativa é proibir o ingresso de pessoas com "trajes incompatíveis com o decoro e a dignidade forenses" ou que apresentem "péssimas condições de higiene".
 
Itens proibidos
  • Decotes que deixem visíveis mais da metade do colo
     
  • Roupas transparentes que mostrem partes íntimas
     
  • Barriga ou mais de um terço das costas descobertas
     
  • Shorts ou bermuda, ainda que com o uso de meia-calça
     
  • Saia que não cubra pelo menos 2/3 das coxas
     
  • Regatas
     
  • Chapéus, gorros e bonés
As novas regras serão fiscalizadas por dois funcionários da Justiça um homem e uma mulher, que ficarão posicionados na entrada do prédio. Os agentes terão a função de checar o comprimento das vestimentas e a higiene. Visitantes descalços também serão barrados. Somente haverá exceção quando a pessoa considerada com traje inadequado for esperada para uma audiência ou quando o juiz-corregedor autorizar.
 
As regras despertam reações. Para o presidente da OAB/SP, Marcos da Costa, a portaria é "absurda e discriminatória". Segundo ele, as restrições criam constrangimentos, principalmente por não levarem em conta que há pessoas que não têm condições financeiras para dispor de roupas ditas adequadas. O presidente da Comissão de Segurança Pública do órgão, Antônio Ruiz Filho, aponta dificuldade na fiscalização. "São detalhes de tamanhos de peças difíceis de inibir, a não ser que haja alguém com fita métrica."
 
Segundo a Associação Paulista dos Defensores Públicos, a portaria tem "visão elitista, preconceituosa c destituída dos valores que norteiam o Estado Democrático de Direito". A entidade ressalta que a dignidade humana está acima da forense.
 
Argumentos
 
Em nota, Campos Velho afirmou que a falta de regras provoca problemas aos fiscais, que já barram visitantes com microssaias, regatas e roupas transparentes peças não toleradas em "nenhum lugar do mundo civilizado em um ambiente forense". Ele cita que cm outros órgãos também há regras estipuladas, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
 
Provimento do Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça (TJ-SP) permite a regulamentação dos trajes e determina que "nas dependências do fórum, partes, testemunhas, auxiliares e demais pessoas deverão apresentar-se convenientemente trajados, segundo sua condição social".
 
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