14/10/2010 - 16:06

COMPARTILHE

Juiz baleado e mãe de rapaz morto na Cidade Alta se solidarizam

Juiz baleado e mãe de rapaz morto na Cidade Alta se solidarizam


Do jornal Extra

14/10/2010 - Enquanto a Polícia Civil aceita que o caso do juiz baleado por policiais civis tenha uma apuração mais ágil, o próprio magistrado Marcelo Alexandrino diz que a dor de Jane Coelho - mãe de Julio César, atendente de restaurante morto por PMs na Cidade Alta no dia 18 de setembro - não deve ser de forma alguma minimizada.

"A dor não tem raça, status social. Eu sou juiz, ela diarista, mas nós dois sofremos violência policial, e as pessoas precisam se unir para que isso acabe", diz Marcelo, complementando para Jane: "Espero que a minha palavra dê um pingo de alívio para você".

Os dois se encontraram ontem à tarde, na porta da clínica onde o filho e a enteada dele estão internados, na Lagoa. Jane se solidarizou.

"Graças a Deus, eles sobreviveram. E, infelizmente, vão ter uma lembrança ruim para o resto da vida", disse a mãe de Julio César.

A mulher de Marcelo, Sunny Mariano, que não estava no carro durante os disparos, compartilhou da dor que Jane está sentindo.

"Peguei minha filha quase morta nos braços. A nossa indignação é a mesma", diz Sunny, emocionando-se ao ver a foto do banco do carro ensanguentado e relembrando os momentos de tensão pelos quais passou.

A flagrante diferença de agilidade na apuração dos dois casos foi reafirmada, ontem, por Allan Turnowski. Para o chefe da Polícia Civil, o caso do juiz, de maior repercussão, pede tratamento diferenciado.

"Gera uma sensação de insegurança na população, que pede uma resposta rápida", justifica, explicando que o rigor e as transparência nos dois casos são os mesmos, embora a perícia na Cidade Alta tenha sido feita seis dias depois de a tragédia acontecer.

Allan Turnowski: 'Não conheço o caso'

Os dois policiais civis que atiraram contra o carro de Marcelo Alexandrino estão presos desde a última sexta-feira. Já os PMs que mataram Julio César ainda trabalham internamente no 16 BPM (Olaria).

Para Turnowski, como a Polícia Civil percebeu o seu próprio erro, e de maneira muito clara, uma providência pôde ser tomada de imediato. Quanto ao erro da outra corporação - a Polícia Militar - o chefe da Polícia Civil diz:

"Não conheço o caso. Não sei se o erro está assim tão gritante."

O comandante do 16 BPM havia dito que a hipótese de Julio Cesar ser traficante é remota. A Polícia Militar, no entanto, diz que não vai tomar uma medida até que o inquérito policial militar seja concluído, ou até que o comandante dê esta declaração ao comando geral.

Abrir WhatsApp