A ministra Cármen Lúcia, que vai tomar posse na próxima segunda-feira como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu ontem a união do Judiciário. Sem especificar a quem exatamente se referia, a ministra afirmou que o Poder hoje está fragmentado. "O Supremo é um só. O Judiciário tem que voltar a ser um só. Hoje tem sido vários, e acho que juntos somos muito mais", disse a ministra, ao fim da sessão da Segunda Turma do STF, da qual não fará mais parte ao assumir a presidência. Sem comemorações Antes da sessão, Cármen Lúcia afirmou que não haverá festa de posse, como é a tradição no STF. Normalmente, as associações de magistrados custeiam uma comemoração, com a presença da cúpula do Judiciário. A ministra disse que o país não está em clima de festa e, por ser servidora pública, não poderá destoar do restante do Brasil. "Eu não tenho a mesma tranquilidade para algumas funções de ministro no STF. Não gosto muito de festas, de nada disso. Eu gosto é de processo", declarou ao fim da sessão de julgamentos. A ministra confirmou que Caetano Veloso vai cantar o Hino Nacional na sessão de sua posse no STF. O ministro Gilmar Mendes comemorou o fato de ser Cármen Lúcia quem está assumindo o comando do Supremo em um momento crítico da vida nacional. "Nestes momentos obscuros que passamos e estamos vivendo, talvez seja importante propiciar que chegue à presidência do STF uma figura tão diferenciada, tão comprometida com a vida pública como a ministra Cármen Lúcia. Teremos o espírito liberto por saber que Vossa Excelência estará exercendo funções importantes para o direcionamento do país em momento de tanta tergiversação, de perplexidade e de um certo obscurantismo", afirmou Gilmar. O mais antigo integrante do tribunal, ministro Celso de Mello, também homenageou a colega, ressaltando que Cármen Lúcia conseguirá enfrentar no novo cargo o momento difícil do país. "Quero expressar à ministra os melhores votos de pleno sucesso e de grandes realizações à frente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça. São cargos muito desafiadores. Os tempos são difíceis, mas sei que a ministra Cármen Lúcia, que tem o apoio e a confiança de juízes do STF, desempenhará com o talento que lhe é próprio essas difíceis realizações", disse o decano.