O juiz argentino Sergio Torres receberá nesta quinta-feira imagens de vítimas dos chamados voos da morte, realizados pelos militares durante a última ditadura (1976-1983). O material foi recolhido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização de Estados Americanos (OEA) durante uma missão à Argentina, em 1979. São mais de 130 fotografias de corpos amarrados que foram encontrados no litoral uruguaio. Os documentos provam, segundo a OEA, que as vítimas foram torturadas e assassinadas antes de serem jogadas ao mar. O material será usado no julgamento sobre crimes cometidos na Escola de Mecânica da Marinha (Esma, na sigla em espanhol), um dos principais centros clandestinos de torturas do governo militar argentino. Estima-se que por lá passaram mais de cinco mil presos políticos. Muitos foram vítimas dos sinistros vôos da morte. Estas fotos são as primeiras provas sobre a existência dos voos realizados pelos militares para eliminar opositores. Até agora, existiam apenas depoimentos que confirmavam as denúncias de familiares das vítimas. Esta ação da CIDH poderia a ser primeira de muitas outras destinadas a colaborar com processos judiciais sobre crimes cometidos pelas ditaduras do Cone Sul nas décadas de 70 e 80.