Homenagem a frei Tito na Alerj: resgate da memória Da redação da Tribuna do Advogado 26/05/2010 - "Ainda que tardem a abrir os arquivos da ditadura, não nos podem impedir de lembrar o que vivemos; não há como impedir que venha à luz a memória do que aconteceu". As palavras finais foram ditas por frei Betto ao receber, pelo antigo companheiro, a Medalha Tiradentes, em homenagem póstuma ao frade dominicano Tito de Alencar Lima, que lutou contra a ditadura e foi barbaramente torturado. A honraria foi conferida pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), em sessão solene realizada na noite de terça-feira, 25, no plenário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Frei Betto lembrou a trajetória do amigo que jamais conseguiu se recuperar das torturas infligidas nos cárceres da repressão, em São Paulo e, aos 28 anos, em 1974, na França, enforcou-se no convento onde fora abrigado, aterrorizado pelas recordações do sofrimento e dos algozes. "O melhor da herança deixada por frei Tito é a possibilidade de que sua luta continue, pela utopia do socialismo, por um Brasil onde todos nasçam, vivam e morram na sua plena dignidade humana", disse Betto. O presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, convidado para a homenagem, disse que se a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA entender, no julgamento previsto para este ano, que o Estado brasileiro teve responsabilidade nas torturas e desaparecimentos de pessoas na Guerrilha do Araguaia, a Ordem vai buscar, no Supremo, a rediscussão da abrangência da anistia para os torturadores. Também participaram da cerimônia a dirigente do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra; a coordenadora do MST Marina dos Santos; o deputado federal Chico Alencar (PSOL/RJ) e frei Oswaldo Rezende, da Ordem dos Dominicanos, que recebeu, com frei Betto, a medalha conferida a frei Tito.