06/03/2017 - 18:37 | última atualização em 06/03/2017 - 19:11

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Histórias de coragem iniciam programação para o Dia da Mulher

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
Iniciando sua programação especial para o Dia Internacional da Mulher, celebrado esta quarta, a OAB/RJ realizou na manhã desta segunda-feira, dia 6, o evento Mulheres incríveis, histórias extraordinárias, que trouxe relatos de mulheres com deficiência que vencem diariamente preconceitos e inúmeros obstáculos para sua realização profissional e pessoal.

O evento foi promovido pela comissão OAB Mulher em conjunto com a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD) da Seccional, além da empresa Emprol e trouxe como convidadas a nadadora medalhista de prata nos Jogos Paralímpicos de 2016, Susana Schnarndorf, a campeã paralímpica no lançamento de disco Rosinha da Silva, e a jornalista e escritora Jéssica Paula.

Segundo a presidente da OAB Mulher, Marisa Gaudio, a iniciativa foi uma forma de homenagear as mulheres com deficiência, um grupo no qual a comissão pretende focar este ano. No início de fevereiro, a OAB Mulher e a CDPD firmaram uma parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro para criar um grupo de trabalho de combate à violência contra a mulher com deficiência.

Primeira palestrante, Susana Schnarndorf contou sobre sua relação com o esporte desde criança e sobre como se tornou uma triatleta de sucesso, até que os primeiros sinais da MSA (sigla para Atrofia do Múltiplo-Sistema, uma doença degenerativa e auto-imune) começaram a surgir, em 2005.

“O médico me deu seis meses de vida e estou há 12 anos com a doença. Perdi muitas coisas, entre elas a mais preciosa para mim: o convívio diário com os meus filhos. Mas fui salva pelo esporte”, contou Susana, que participou das Paralimpíadas de Londres em 2012 e, em 2013, desacreditada após seu problema de saúde piorar, foi campeã mundial de natação paralímpica em sua categoria.

Outra vida mudada pelo esporte foi a de Rosinha dos Santos, que emocionou a plateia ao contar detalhes de sua infância pobre em Pernambuco, na qual presenciava sua mãe ser agredida por seu pai.

“Quando tinha 17 anos eu tive força para impedir e falar para ele que nunca mais bateria na minha mãe novamente”, disse ela, contando posteriormente sobre o atropelamento que sofreu com 18 anos e que a levou a perder a perna esquerda.

Após anos escondida em casa, com vergonha da amputação, Rosinha retomou suas forças com a esperança de um futuro que poderia a tirar da situação de pobreza e dar a tão sonhada casa própria para sua mãe. “Negra, pobre e deficiente. Achei que seria muito difícil sobreviver com tantas opressões”, diz ela. O convite para ser atleta paralímpica a abriu para um universo que ela não sabia que existia: “Nunca tinha ouvido falar em esporte para deficientes. E de repente vi tanta gente na mesma situação ou até em situações mais difíceis que a minha e sorrindo, vivendo”.
Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar

Ao falar sobre o então namorado que quase a impediu de entrar para o esporte, Rosinha faz um alerta: “Nunca desistam de seus sonhos por ninguém. Eu quase desisti do caminho que me trouxe sucesso porque achava que não ia arrumar mais ninguém na minha situação. Minha mãe desistiu da carreira de cantora por causa do meu pai. E tudo que passei só me levou a ter essa certeza: que devemos seguir os nossos sonhos”, observa a atleta e exemplo de perseverança, que ainda teve que enfrentar um câncer de garganta em 2014.

O evento foi encerrado com a palestra da jornalista Jéssica Paula, que lança agora seu livro Estamos aqui, relatando sua experiência visitando quatro países africanos em situação de conflito. Jessica perdeu todo o movimento da perna direita e parte da esquerda após uma infecção de garganta migrar para a medula, quando tinha seis anos de idade.

Em sua viagem de dois meses pela Etiópia, Sudão, Sudão do Sul e Uganda, Jessica enfrentou muitas dificuldades, desde as restrições políticas dos países até a borracha de suas muletas derreterem com o calor africano de 52ºC. Da experiência, trouxe o entendimento sobre as dificuldades dos habitantes, os quais procurou conhecer intimamente: “Percebi que eu não fazia as pessoas se sentirem vítimas”.

O evento foi apresentado pelo atleta paralímpico Clodoaldo Silva e pelo músico Gabrielzinho do Irajá.
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