21/07/2016 - 10:51

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Governo monitora cem suspeitos de simpatia com o terror no país

jornal Folha de S. Paulo

O governo brasileiro monitora, a poucos dias do início dos Jogos Olímpicos do Rio, que serão abertos em 5 de agosto, cerca de cem pessoas suspeitas de serem simpatizantes de terrorismo no país. Essa lista foi elaborada pelas autoridades a partir do comportamento desses cidadãos - brasileiros e estrangeiros que vivem em território nacional- na internet, conforme a Folha apurou com integrantes do alto escalão das forças responsáveis pelo combate ao risco de terror durante a Olimpíada.
 
A grande maioria dos rastreados, aproximadamente 90%, entrou na mira por adotar conduta suspeita ao entrar mais de duas vezes nos portais ou peças de propaganda com conteúdo de exaltação a grupos extremistas.
 
As forças de segurança não identificaram, no entanto, que esse grupo tenha feito insinuações ou se manifestado favoravelmente a organizações terroristas.
 
Os outros 10% vêm chamando mais a atenção do serviço de inteligência. Trata-se de pessoas que, ao navegar por essas páginas, escreveram mensagens mais elaboradas, inclusive elogiando iniciativas extremistas, ou compartilharam conteúdos relacionados ao terror.
 
As autoridades de segurança destacam que, ao menos por enquanto, nenhum dos cem monitorados ê visto como ameaça iminente, uma vez que não foram encontrados elementos que comprovem uma ligação direta com terroristas, como diálogos ou repasses de recursos a grupos extremistas.
 
Todos os suspeitos serão monitorados pelo menos até o fim dos Jogos Olímpicos, no dia 21 de agosto.
 
Três dessas pessoas foram identificadas pelo serviço de inteligência depois que um delegado da Polícia Federal os flagrou falando em árabe sobre bombas e explosões em um bar em São Paulo.
 
Sem domínio do idioma, ele soube do conteúdo da conversa porque o dono do estabelecimento era árabe e traduziu para o policial o que estava ouvindo.
 
Até o momento, o caso considerado mais delicado é o do físico franco-argelino e ex-professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adlène Hicheur, deportado pelo governo brasileiro na sexta-feira, dia 15.
 
Ele foi investigado e condenado por "associação com criminosos com vistas a planejar um atentado terrorista" na França em 2009, segundo a revista Época publicou em janeiro deste ano. Hicheur cumpriu dois anos e sete meses de prisão naquele país e em 2013 aterrissou no Brasil para trabalhar como professor-visitante na UFRJ.
 
Violência

 
Nos últimos dias, a preocupação com terrorismo nos Jogos cresceu, principalmente em razão do atentado em Nice, na França. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, chegou a dizer que a preocupação com o tema havia "subido de patamar".
 
Na quarta-feira, dia 20, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, baixou o tom e negou que a preocupação com terrorismo tenha aumentado. 
 
Em entrevista à Folha, ele afirmou que a criminalidade do Rio preocupa mais que o terrorismo. "Não só as nossas agências como as internacionais colocam a probabilidade no nível mais baixo. Agora, existe possibilidade no mundo inteiro, não seria no Brasil que não existiria. A probabilidade é mínima, mas estamos tomando todos os cuidados e todas as medidas", disse.
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