31/10/2017 - 16:44 | última atualização em 31/10/2017 - 16:50

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Fórum debate conexão entre reparação da escravidão e gastronomia

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Bruno Marins   |   Clique para ampliar
A relação entre a alimentação e a cultura negra foi o mote para a realização do I Fórum Gastronomia e a reparação da escravidão no Brasil, organizado pela Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil (Cevenb). Além das palestras, o encontro teve estandes com venda de comidas inspiradas na gastronomia afrobrasileira, como acarajé, cocada e canjica, de livros sobre a temática e de roupas e acessórios.
 
Reconhecer a cultura negra e valorizá-la foi a bandeira levantada pela diretora de Inclusão Racial da OAB/RJ, Ivone Caetano, em sua fala. “Temos que passar esse conhecimento da gastronomia dos africanos e descendentes para as próximas gerações. Durante muito tempo a gastronomia foi invisibilizada. Até a feijoada disseram que era dos franceses! Sendo que nós sabemos que a feijoada foi criada pelos negros. Os franceses não comiam pé e orelha de porco, tudo que puderem tirar das mãos do negro, vão tirar”, criticou.
 
Presidente da Cevenb, Humberto Adami - que também preside a comissão nacional sobre o tema - destacou a expansão do debate nas seccionais do país. “A comissão está em quinze seccionais e em diversas comissões municipais. Dia 23 vamos lançar a de Campos, por exemplo. Nosso grupo busca pistas e provas da escravidão e também bibliografia. Esta é a primeira vez que abordamos a reparação também pelo viés da gastronomia”, afirmou. Adami pediu, ainda, uma salva de palmas para o procurador do trabalho Wilson Prudente, que faleceu semana passada e era membro da comissão.
 
Representando a Seccional, o diretor do Centro de Documentação e Pesquisa (CDP) da entidade, Aderson Bussinger, destacou o pioneirismo do encontro. “Pela história da alimentação se conta a história de um povo”, disse. Bussinger convidou a Cevenb a elaborar uma edição especial da revista eletrônica do CDP, sob a ótica da gastronomia e da reparação da escravidão.
 
A vice-presidente do IAB e presidente da Comissão de Direito Sindical da OAB/RJ, Rita Cortez, destacou a importância de contar as histórias dos povos: “Gastronomia e artesanato são cultura e história e é preciso compartilhá-las”.
 
Em pesquisa sobre a questão do negro na sociedade, realizada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a alimentação foi considerada um elemento comum, que une todos os brasileiros. Os dados foram apresentados pelo presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, desembargador André Fontes. 
 
Foto: Bruno Marins   |   Clique para ampliar
O evento contou, ainda, com a presença de especialistas como a dermatologista Ketleen Conceição; a historiadora Claudia Vitalino; a Yalorixá Menininha de Oxum; o chef de cozinha Jean Pierre; e representantes do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), entre outros.
 
O fórum apresentou painéis sobre as descobertas dos negros escravizados, a reparação e a gastronomia por visões individuais, a reparação gastronômica na visão dos jovens estudantes e a consequência de fatores alimentares na saúde da população negra.
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