O advogado Felipe Santa Cruz tinha 2 anos quando seu pai, Fernando, desapareceu. O estudante de Direito pernambucano havia sido preso em 1974 pelos órgãos de repressão, no Rio, e nunca mais foi visto. Tinha 26 anos e era militante da Ação Popular (AP), que combatia a ditadura. "Mas ele não era um quadro central da organização", diz Felipe, presidente da OAB/RJ. Ano passado, no livro Memórias de uma guerra suja, o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra disse que o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos. Na terça, às 10h, Felipe lança a campanha Desaparecidos da Democracia - Pessoas Reais, Vítimas Invisíveis, para debater as ações policiais dos dias de hoje. Entrevista A ideia surgiu em 2012, antes do caso Amarildo. Um dos alvos é esclarecer e reduzir as mortes classificadas como autos de resistência - aquelas ocorridas em confronto com a polícia, o que muitas vezes esconde execuções. Outro objetivo é discutir novos procedimentos policiais, seja em favelas, seja em protestos. "Em qualquer lugar mais avançado, a polícia sabe como se portar numa manifestação. Isso pode, isso não. Aqui não há um manual claro".