14/02/2017 - 09:20 | última atualização em 14/02/2017 - 09:21

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Exército atuará no RJ em meio a atos de PMs

jornal Folha de S. Paulo

O governo federal enviará homens das Forças Armadas para reforçar a segurança pública do Rio de Janeiro, em meio a protestos de policiais militares do Estado. O pedido partiu do governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e foi aceito pelo presidente Michel Temer, do mesmo partido.
 
As tropas começam a atuar já nesta terça, dia 14, na região metropolitana do Rio. O tamanho do contingente e o período de atuação dos militares ainda não foram divulgados.
 
As Forças estão há uma semana no Espírito Santo, que vive há quase dez dias um motim de PMs. Segundo Temer, "o governo federal resolveu colocar as Forças Armadas à disposição de toda e qualquer hipótese de desordem no território brasileiro".
 
No Rio, a mobilização de familiares na porta de batalhões da PM chegou ao seu quarto dia seguido nesta segunda, dia 13. Desde sexta, dia 10, em gesto simbólico, eles tentam impedir a saída de veículos e homens de farda de batalhões.
 
No final de semana, o governo fracassou ao tentar um acordo para encerrar os piquetes. Os parentes reivindicam o pagamento do 13º salário de 2016, de bonificações por trabalho fora da escala na Olimpíada, em agosto, e as referentes a metas batidas em 2015.
 
Mulheres de policiais citam também falta de condições de trabalho, como revezamento de colete e armamento escasso. Diante da crise financeira no Estado, servidores de diferentes categorias pressionam contra medidas de ajustes.
 
No Rio, há mobilizações de familiares de PMs em 27 dos 39 batalhões de polícia, o que dificulta a troca de plantões.
 
Não é possível mensurar, porém, se há impacto no policiamento no Estado. Nesta segunda, o comando da PM admitiu pela primeira vez que os protestos afetam a presença de homens nas ruas, ao citar a morte de um jovem durante uma briga de torcidas.
 
Segundo a PM, homens da unidade que faz justamente a escolta das organizadas até o estádio tiveram dificuldade de sair do quartel diante dos protestos dos familiares.
 
A PM diz que no restante do Estado o policiamento é normal. Há, no entanto, vídeos nas redes que mostram a adesão de soldados ao movimento de paralisação.
 
A Folha confirmou a autenticidade de ao menos três gravações nas quais a adesão é clara. Na sexta, primeiro dia de protesto, homens do 6º Batalhão (Tijuca) se reuniram no pátio e cantaram hinos militares, sem farda, em sinal de apoio. No domingo, foi a vez de PMs do Batalhão do Choque repetirem a cena na porta da unidade, no centro.
 
Um terceiro vídeo mostra policiais recebendo ordens para deixar o 4º BPM (São Cristóvão), mas sendo "impedidos" por familiares.
 
Essa estratégia de simular um bloqueio de mulheres lembra casos recentes no Espírito Santo, Estado que, aos poucos, retoma a normalidade depois de uma semana de motim da PM e de cerca de 150 assassinatos, segundo o sindicato de policiais civis.
 
Nesta segunda, o expediente dos servidores públicos foi retomado, assim como as aulas e a circulação dos ônibus.
 
Cerca de 2.000 PMs voltaram às ruas - que já contavam com tropas da Força Nacional e do Exército. Familiares de policiais seguiam acampados em frente a alguns batalhões, mas uma comissão aceitou abrir mão de reajuste salarial da categoria caso haja anistia aos envolvidos no motim.
 
O governo, porém, anunciou a abertura de procedimentos demissionários de 161 PMs.
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