05/06/2012 - 09:37

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Ex-presos políticos recebem reparação no Estádio Caio Martins

jornal O Dia e da redação da Tribuna do Advogado

Edir Inácio da Silva, de 74 anos, que já foi secretário municipal de Administração de Niterói e atualmente é secretário municipal do Trabalho de Magé, foi preso três vezes, durante o regime militar. Na primeira vez tinha apenas 17 anos. Ainda hoje, ele carrega no corpo a marca das torturas sofridas na época. Edir foi uma das 122 pessoas homenageadas nesta segunda-feira, dia 4, numa cerimônia de reparação realizada no Estádio Caio Martins, em Icaraí, por iniciativa do Governo do Estado. A OAB/RJ, que participa da Comissão Especial de Reparação - grupo responsável por analisar casos de detenção ou de tortura ocorridas entre durante a ditadura - participou do ato.
 
"Não estou atrás de dinheiro, só exijo que peçam desculpa à minha família, por terem me prendido. Eu sei que minha família tem orgulho do que eu fiz e isso é o mais importante para mim", afirmou Edir.
 
Zeneide Machado de Oliveira, de 66, também foi uma das homenageadas. Ela ficou presa durante três anos, entre 1971 e 1974, quando ainda era estudante. Zeneide militou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Ela destacou que, mais do que as marcas físicas deixadas pelas torturas, as marcas na alma permanecem vivas até hoje.
 
"Essa cerimônia para mim significa o resgate da nossa luta, o reconhecimento de que nós não éramos terroristas", disse a homenageada.
 
Desde 2001, quando a lei estadual de reparação foi criada, 1.113 pessoas entraram com o pedido de indenização. Do total, 895 casos já foram julgados e tiveram as indenizações concedidas pelo Governo, através da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos. Já foram pagas 650 indenizações, no valor de R$ 20 mil, cada, e faltam 245 que deverão ser pagas até o final de 2013.
 
Há ainda 24 processos para serem analisados pela Comissão Especial de Reparação, composta ainda por quatro membros indicados pelo Governo do Estado, um do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, um do Grupo de Tortura Nunca Mais (TNM- RJ) e um da Associação Brasileira de Imprensa. 
 
A presidente Dilma, que não pôde estar na cerimônia, informou que doará sua indenização ao Grupo Tortura Nunca Mais.
 
O Caio Martins, onde ocorreu a cerimônia, foi o local onde cerca de 1.200 pessoas foram mantidas presas pela ditadura de 1964 a 1965. Foi também o primeiro estádio do país a ser usado como um centro de prisão.
 
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