21/08/2012 - 09:46

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Ex-comandante do Bope perde no STF ação contra cineasta

jornal O Globo

Chegou ao fim uma disputa judicial de nove anos: a ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido de indenização que o coronel José Penteado, ex-comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), movia contra o cineasta José Padilha, diretor de filmes como Tropa de Elite. Em 2003, Penteado entrou com uma ação na Justiça alegando dano moral ao aparecer no documentário Ônibus 174, também dirigido por Padilha. Não cabem mais recursos.
 
 Se a decisão fosse  favorável às alegações dos advogados do coronel seria um atentado à democracia
Rodrigo Ribeiro
Advogado de defesa
Personagem do documentário, o coronel comandou as operações do Bope nas negociações com o assaltante Sandro Nascimento, que havia sequestrado passageiros do ônibus da linha 174 (Gávea-Central do Brasil), na Rua Jardim Botânico, em 12 de junho de 2000. O caso terminou com dois mortos: uma das reféns e o próprio sequestrador. Penteado e seu advogado, Gilmar Vinha Darius, não foram localizados para comentar a decisão da ministra.
 
O coronel pedia o valor equivalente a 500 salários mínimos, por dano à sua imagem, e a mesma quantia por danos morais, além de 30% da bilheteria arrecadada com a exibição do filme e dos prêmios em espécie recebidos pela obra.
 
"Foi uma decisão acertada e de acordo com a regras da democracia. Se a decisão fosse ao contrário, favorável às alegações dos advogados do coronel, seria um atentado à democracia e uma clara censura ao trabalho jornalístico", afirmou o advogado Rodrigo Ribeiro, que defendeu José Padilha no processo.
 
Um episódio traumático
 
O sequestro do ônibus da linha 174, atual 158, foi um dos mais traumáticos episódios de violência do Rio. O coletivo ficou retido no bairro do Jardim Botânico por mais de cinco horas. Dez passageiros foram feitos reféns por Sandro Nascimento. Logo depois de o bandido ter rendido os passageiros, o ônibus foi abandonado pelo motorista e pelo cobrador. O cerco da PM acabou quando Sandro saiu do ônibus, usando como "escudo" a professora Geísa Gonçalves. Nesse momento, um policial do Bope, ao tentar alvejá-lo, acertou a refém no queixo de raspão. Geísa acabou levando outros três tiros nas costas, disparados por Sandro. O bandido foi morto dentro do carro do Bope, quando era retirado do local
 
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