05/12/2012 - 09:54

COMPARTILHE

Estudante da USP é espancado em Pinheiros e denuncia homofobia

jornal O Estado de S. Paulo

Dois homens foram presos anteontem por tentativa de homicídio após terem espancado o estudante de Direito da Universidade de São Paulo (USP) André Baliera, de 27 anos. Ele voltava a pé para casa pela Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, na zona oeste, quando foi agredido.
 
Por volta das 19 horas, Baliera viu que alguém mexia com ele de dentro de um carro. Segundo a vítima, era o também estudante Bruno Portieri, de 25 anos, que o ofendia por sua opção sexual. O universitário começou a discutir e Portieri saiu do carro. Baliera fez menção de pegar uma pedra para se defender. Foi quando o motorista do veículo - personal trainer Diego de Souza, de 29 anos - desceu e começou a agredi-lo. Ele só parou de bater no universitário quando policiais militares chegaram para ver o que ocorria e detiveram ele e o amigo.
Apanhou de besta porque, se tivesse seguido o caminho dele, não teria apanhado
Agressor
 
Com escoriações na cabeça, dores no corpo e sem dormir, Baliera ainda estava confuso e transtornado na tarde ontem. "Assumo que trocamos ofensas. Mas a atitude deles era de como se bater em alguém fosse a coisa mais comum do mundo."
 
Na noite de segunda, após a prisão, Portieri deu entrevista à TV Record e culpou a vítima pela agressão. "Apanhou de besta porque, se tivesse seguido o caminho dele, não teria apanhado."
 
Segundo sua irmã, Portieri é "do bem" e estava no lugar errado na hora errada. "Foi um momento de fúria, não foi por homofobia. A imprensa está dando muita atenção para o caso, mas o menino (Baliera) está vivo", disse Polianne Portieri.
 
Joel Cordaro, advogado dos dois agressores, dá outra versão. "Tudo começou porque eles pararam na faixa de pedestre e a vítima mostrou o dedo do meio. Eles foram provocados", afirma. Segundo ele, não seria possível saber que André era homossexual apenas o vendo atravessar a rua. O advogado já entrou com pedido de habeas corpus.
 
André cursa o último anode Direito. Na faculdade ajudou a criar o Grupo de Estudos sobre Direito e Sexualidade (Geds). Também trabalhou no Centro de Combate à Homofobia da Prefeitura de São Paulo.
 
Amigos e integrantes de movimentos anti-homofobia já planejam nas redes sociais passeata na Avenida Paulista, "escrachos" (protesto em casas) e outras ações. Para o deputado federal Jean Wyllys, não foi um fato isolado. "Casos assim são uma reação à própria visibilidade da comunidade LGBT." 
 
Outros casos
 
No ano passado, várias agressões a homossexuais aconteceram na Avenida Paulista e nas imediações. Em outubro, um casal de amigos que voltava de um bar na Rua da Consolação foi agredido perto da Estação Ana Rosa do Metrô, por volta das 4 horas. No mesmo dia, um homem que dizia ter sido confundido com um homossexual também acabou agredido.
 
O caso mais grave, porém, aconteceu com um casal agredido por dois homens após sair do Bar Sonique, na Rua Bela Cintra. Um deles teve ferimentos na nuca e na cabeça e o outro, traumatismo craniano.
 
Abrir WhatsApp