A Casa da Moeda do Brasil informou nesta quinta-feira, dia 30, que suspendeu a entrega de passaportes e só deve retomar a emissão dos documentos na próxima semana. De acordo com o órgão, um dos equipamentos usados para produzir as cadernetas quebrou, atrasando a entrega tanto dos passaportes comuns quanto dos de urgência. O órgão diz que já pediu a substituição de uma peça com defeito, que virá da Alemanha. Afirma ainda que estuda uma alternativa para agilizar a retomada da produção. A entrega de passaportes está atrasada desde abril por falta de matéria-prima. A espera pode chegar a 120 dias - o prazo normal de entrega é de seis dias úteis. Urgência Para a evitar a demora, porém, cidadãos têm recorrido a uma "taxa de emergência" de R$ 77,17 -além dos R$ 257,25 do documento comum- para receber o passaporte em até quatro dias úteis, como mostrou a Folha nesta quinta. A opção da taxa expressa é oferecida pelos próprios atendentes, de empresas terceirizadas, prática que a PF confirma ter orientado. Segundo a Polícia Federal, em decorrência das falhas na Casa da Moeda, as solicitações de passaportes expressos "aumentaram em 20% em relação a períodos de normalidade nas emissões". Para o advogado Marco Antonio Araújo Júnior, presidente da comissão de defesa do direito do consumidor da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, a prática da Polícia Federal é "no mínimo estranha". "Estão privilegiando quem paga a taxa de emergência, o que pode dar a impressão de que uma pessoa que paga mais tem mais direitos", diz. O passaporte com entrega rápida tem o mesmo preço do de emergência, emitido em até 24 horas para quem precisa sair do país rapidamente. Mas, enquanto a validade do documento de urgência é de um ano, a vigência do com taxa expressa é de dez anos. A opção do passaporte expresso já existia para atender quem não pudesse esperar por uma semana, mas só passou a ser oferecido para todos recentemente.