13/11/2013 - 15:00 | última atualização em 14/11/2013 - 15:06

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Elegância de Paulinho da Viola é destaque na Rádio OABRJ

redação da Tribuna do Advogado

Desde criança, o contato de Paulo César Batista de Faria com a música foi intenso. Participou das reuniões do lendário grupo musical Época de Ouro, frequentou encontros promovidos por Jacob do Bandolim e fundou um bloco carnavalesco. Já como Paulinho da Viola, viu sua escola de coração desfilar com um samba de enredo feito por ele e, pouco depois, despertou a desconfiança de alguns ao musicar uma poesia em homenagem à maior rival. Alguns anos antes de participar da criação da Velha Guarda da Portela, recebeu seu primeiro cachê, pago por ninguém menos do que Cartola, um dos ícones do samba. Por essas e outras histórias, por ter completado 71 anos nesta terça-feira, dia 12, e por servir de inspiração para diversas gerações de músicos, Paulinho da Viola recebe dois dias de homenagens da Rádio OABRJ nestas quarta e quinta-feira, dias 13 e 14.
 
Músicas durante a programação
  • Foi um rio que passou em minha vida
  • Sei lá mangueira
  • Coração leviano
  • Abre teus olhos
  • Acontece
  • Dança da solidão
  • Guardei minha viola
  • Filosofia do samba
Nascido em 1942 e criado nas ruas de Botafogo, Paulinho teve em casa sua primeira inspiração no mundo musical. Filho do violonista César Faria, que tocou em diversos conjuntos regionais antes de atuar no grupo Época de Ouro, aproveitou para, acompanhando o pai, ter contato com artistas como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Canhoto da Paraíba.
 
O carnaval passa a fazer parte de sua vida ao frequentar a casa de uma tia, em Vila Valqueire. Além de fundar com alguns amigos o bloco Foliões da Rua Anália Franco, Paulinho começa a frequentar a escola de samba União de Jacarepaguá. Após alguns anos na agremiação, foi levado para a Portela pelo então diretor de bateria da escola, Oscar Bigode, a quem considerava um primo.
 
Neste meio tempo, ficou amigo de Hermínio Bello de Carvalho, com quem formaria uma longa parceria. Por intermédio dele, conheceu sambas de Zé Ketti, Elton Medeiros e Nelson Cavaquinho, além de passar a frequentar o Zicartola, na Rua da Carioca - restaurante do compositor Cartola e de sua mulher, Dona Zica, ponto de encontro histórico entre sambistas. Foi lá que, após mais uma noite tocando músicas suas e de outros autores, recebeu do mangueirense um dinheiro "pra pagar a passagem". Era a primeira vez que Paulinho recebia por sua música.
 
Com Zé Kéti, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Zé Cruz e Oscar Bigode, formou, em 1965, o grupo A Voz do Morro, com o qual gravou três discos. Em 1966, a Portela foi campeã do carnaval com o samba Memórias de um Sargento de Milícias, composto por Paulinho e gravado, em 1971, por Martinho da Vila.
 
 
Músicas em destaque
  • Foi um rio que passou em minha vida
  • Sei lá mangueira
  • Coração leviano
  • Abre teus olhos
  • Acontece
  • Dança da solidão
  • Guardei minha viola
  • Filosofia do samba
     
  • e mais 16 músicas ao longo da programação
Em 1968, mesmo ano em que lançaria seu primeiro disco solo, Paulinho foi protagonista de uma polêmica envolvendo as duas maiores rivais do carnaval carioca. Hermínio apresentou ao amigo uma poesia que havia feito em homenagem à Estação Primeira de Mangueira. De pronto, Paulinho musicou e surgiu, então, Sei lá, Mangueira, uma das mais famosas exaltações à verde e rosa. Reza a lenda que, com o sucesso da canção, o clima na Portela não ficou dos mais leves até que o compositor se redimisse com Foi um rio que passou em minha vida, sucesso que é considerado por muitos sua obra prima. Diz o samba: "Se um dia / meu coração for consultado / para saber se andou errado / vai ser difícil negar". 
 
Participa, em 1970, da criação da Velha Guarda da Portela, organização que reunia os grandes sambistas da escola. No mesmo ano ele produz Portela, passado de glória, primeiro disco do grupo formado pelos irmãos Aniceto da Portela, Mijinha e Manacéa, e ainda por Alberto Lonato, Ventura, Alvaiade, Francisco Santana, Antônio Rufino dos Reis, Alcides Dias Lopes, Armando Santos e Antônio Caetano.
 
Durante as décadas de 70, 80 e 90, foram mais 18 discos gravados, misturando músicas autorais com algumas de outros compositores. Dança da solidão, Onde a dor não tem razão, Eu canto samba e Coração leviano são alguns exemplos de obras suas que fizeram sucesso em todo o país e passaram a ser obrigatórias em qualquer das rodas de samba.
 
Em 2003, Paulinho foi retratado num documentário dirigido por Izabel Jaguaribe. O filme Meu tempo é hoje (veja o trailer) traz a discreta rotina do compositor, cantor e instrumentista. Apresentando suas influências musicais, amigos e familiares, o filme mostra hábitos desconhecidos do grande público. A trilha sonora da película deu origem a um disco homônimo.
 
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