07/02/2014 - 09:44

COMPARTILHE

Dois operários são baleados em protesto no acesso às obras do Comperj

jornal O Globo

Dois operários que trabalham nas obras do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), em Itaboraí, foram baleados, no fim da madrugada de ontem, quando faziam protesto no acesso à área do complexo. De acordo com informações da 71ºDP (Itaboraí), eles foram feridos por disparos feitos por dois homens que estavam numa moto e usavam capacetes. A polícia abriu "inquérito para investigar o caso", mas ainda não sabe o que poderia ter motivado o crime. Por conta dos protestos, as obras do Comperj estão paralisadas.
 
Ameaças de morte
 
Manifestantes acusam o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de São Gonçalo, Itaboraí e Região (Sinticom) de ter contratado milicianos para intimidar os funcionários a retornarem ao trabalho. O Sinticom, por sua vez, nega as acusações e diz que os motoqueiros visavam a atingir membros do sindicato.
Os operários feridos, identificados como Felipe Feitosa, de 21 anos; e Franciuélio Rodrigues, de 20, foram levados para o Hospital municipal Desembargador Leal Júnior, cm Itaboraí, por volta das 5h30 de ontem. Segundo boletim médico, nenhum dos dois corre risco de vida.
 
Manifestantes acusam sindicato de contratar milicianos, mas instituição nega
Um dos presentes, que disse ser operário, mas pediu para não ser identificado, afirmou que os disparos foram feitos por milicianos e contou ter sofrido ameças de morte. Pelo menos três pessoas registraram denúncias de ameaças na 71º DP.
 
"São milicianos contratados pelo sindicato para acabar com o movimento. Os empresários deram dinheiro para o sindicato fechar acordo coletivo sem greve. Então, eles contrataram milicianos para intimidar os trabalhadores. Alguns já estão identificados. Um trabalhador foi ameaçado de morte ontem (anteontem) por um policial contratado pelo sindicato. A ameaça está gravada no celular e vamos levar ainda hoje para o Ministério Público", disse ele.
 
O Sinticom, por sua vez, afirma que as acusações têm sido feitas por grupos ligados a partidos políticos, que querem desestabilizar o sindicato. "Eles ficam inventando mentiras para enfraquecer o sindicato - afirmou Marcos Hartung, assessor do sindicato. Os tiros eram contra membros do sindicato. Eles achavam que estávamos lá".
 
Estrada interrompida
 
Na parte da manhã, cerca de dez mil manifestantes protestaram às margens da Rodovia RJ-116 (Itaboraí-Nova Friburgo-Macuco) e chegaram a interromper o trânsito por alguns minutos em dois pontos da estrada. Anteontem, eles incendiaram pedaços de madeira e um carro do Sinticom para impedir a entrada dos funcionários no local.

Os operários reivindicam melhores condições de trabalho e um reajuste salarial de 15%. O sindicato informou que durante o mês de janeiro foram feitas várias reuniões com o sindicato patronal para discutir o reajuste anua] da categoria.

Desde ontem, por questão de segurança, o sindicato tem orientado funcionários a não irem até Comperj. Em nota, a Petrobras lamentou o incidente e informou que vai avaliar possíveis impactos ao empreendimento após a normalização dos trabalhos.
Abrir WhatsApp